“Passamos a ter uma abordagem mais restritiva em termos de isolamento e testagem, mesmo às pessoas com esquema vacinal completo”, disse, em declarações à Lusa, o diretor regional da Saúde, Berto Cabral, que é responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional.

As alterações, que constam de uma circular normativa, aplicam-se apenas aos contactos de pessoas infetadas com a variante Ómicron, numa altura em que a região já identificou três casos suspeitos.

“A evidência científica da maior transmissibilidade desta nova estirpe, de um maior número de casos positivos poderem vir a ser identificados, leva a que tenhamos de ter medidas mais robustas, que permitam, desde logo, isolar mais pessoas, que sejam contactos próximos suspeitos, e testá-las mais vezes, de forma a contermos novas infeções”, apontou.

De acordo com a circular, destinada a profissionais de saúde, “deverão ser rastreados todos os contactos de alto e baixo risco” associados a um caso suspeito de infeção pela variante Ómicron, “bem como os contactos de segunda linha, sempre que possível”.

O documento prevê ainda “o isolamento profilático dos contactos de casos de infeção pela variante Ómicron ou com história de viagem à África Austral nos 14 dias anteriores, independentemente do estado vacinal, pelo princípio da precaução em Saúde Pública”.

Segundo Berto Cabral, quando foi declarada a pandemia de covid-19, os casos de contacto de alto risco tinham de ficar em isolamento profilático 14 dias, mas “com a evolução da vacinação e com a evidência da redução da transmissibilidade entre as pessoas vacinadas, as medidas foram alteradas”, deixando de ser exigido isolamento profilático às pessoas com esquema vacinal completo, caso tivessem resultado negativo num teste de despiste.

Volta agora a ser exigido isolamento profilático a contactos de alto e baixo risco, mas apenas de casos de infeção pela variante Ómicron.

No caso de os utentes terem vacinação completa, “são colocados em isolamento profilático durante 10 dias e realizam teste de rastreio na altura da identificação, ao 5.º/6.º dia e ao 10.º dia”.

Já os utentes não vacinados “são colocados em isolamento profilático durante 14 dias e realizam teste de rastreio na altura da identificação, ao 7.º/8.º dia e ao 14.º dia”.

“Estamos a falar de um número considerável de pessoas que passará a ter de ficar em isolamento”, adiantou o diretor regional da Saúde, ressalvando que o objetivo é “tentar quebrar o mais rapidamente possível eventuais cadeias de transmissão”.

Berto Cabral admitiu também que o número de testes “pode vir a subir”, mas garantiu que a capacidade instalada dos laboratórios “é suficiente”, ainda que possa “ser necessário aumentar o número de horas diárias em que são feitas as testagens”.

O responsável da Autoridade de Saúde Regional voltou a apelar para que as pessoas não desvalorizem sintomas, como “pingo no nariz, tosse, espirros, febre, dores no corpo, dores de cabeça ou diarreia”.

“É fundamental que as pessoas, perante sintomatologia sugestiva, contactem a linha Saúde Açores ou, eventualmente, realizem um autoteste. A testagem é fundamental para que se identifiquem casos positivos”, salientou.

“A forma mais segura de haver qualquer tipo de celebração é com uma testagem prévia à realização do evento”, acrescentou.

Os Açores têm atualmente 325 casos ativos de infeção, dos quais 273 em São Miguel, 38 na Terceira, cinco no Faial, quatro em Santa Maria, três no Pico e dois nas Flores.

Desde o início da pandemia, a região contabilizou 10.553 casos de infeção pelo SARS-CoV-2, 9.991 recuperações e 49 mortes.