“Dado o número crescente de casos e grupos [de infeções relacionadas com a Ómicron] na UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] sem historial de viagens ou sem contacto com casos relacionados com viagens, é provável que nas próximas semanas a eficácia das medidas relacionadas com viagens venha a diminuir significativamente”, assinala o ECDC num relatório hoje publicado.

Por isso, “os países devem preparar-se para uma rápida e ponderada retirada de tais medidas”, aconselha a agência europeia num documento com uma atualização da avaliação de risco relativamente a esta estirpe, considerada de preocupação.

A agência europeia estima, com base no pressuposto de que já foram importados casos para muitos países da UE/EEE, que “os encerramentos de fronteiras ou proibições de viagem provavelmente só irão atrasar o impacto da nova variante em termos de número de casos e hospitalizações nos países em duas semanas, no máximo”.

Os cálculos surgem numa altura em que muitos países europeus suspenderam as ligações aéreas com vários países da África Austral (como Moçambique), dada a deteção inicial da Ómicron na África do Sul e a propagação na região.

De momento, de acordo com dados do ECDC, existem 70 casos confirmados em 13 países da UE/EEE, a maioria dos quais com historial de viagens para países da África Austral, tendo alguns efetuado voos de ligação para outros destinos entre África e a Europa.

O centro europeu defende que “as medidas temporárias relacionadas com viagens devem ser cuidadosamente consideradas à luz da situação epidemiológica mais recente e devem ser revistas regularmente à medida que surjam novas provas”.

“Tais medidas podem incluir o teste e quarentena de viajantes que regressaram recentemente dos países afetados e a sequenciação de casos identificados entre os viajantes”, sugere.

Segundo o ECDC, os países europeus – sobre os quais recaem as competências na área da saúde – devem adotar “uma abordagem em várias camadas para atrasar a propagação” face às áreas com transmissão comunitária conhecida ou em que a situação epidemiológica não é clara.

Isto passa, de acordo com o centro europeu, por exigir que passageiros que regressam dessas áreas apresentem teste negativo na partida e, quando possível, se submetam a nova testagem à chegada.

Passa, ainda, por quarentena mínima de sete dias e, idealmente, de 14 dias após a chegada, com a necessidade de teste negativo após este tempo, um isolamento que poderia ser estendido aos membros do agregado familiar.

Relativamente aos vacinados, o ECDC adianta que “a prova de vacinação não está isenta de testes e quarentena devido à incerteza sobre a eficácia das vacinas atualmente disponíveis contra esta variante de preocupação”.

Ainda à luz da Ómicron, a agência europeia sustenta no relatório que “uma abordagem mais cautelosa em relação à classificação dos contactos nos aviões poderia ser considerada em relação à situação atual”, passando a “considerar todos os passageiros e membros da tripulação de cabine que viajaram num voo com um caso confirmado ou provável como exposição de alto risco”.