“Pontualmente, aqui ou acolá, poderá haver [quebras]. Do ponto de vista geral estamos a fazer um mecanismo de aquisição de mais vacinas para que isso não aconteça, nomeadamente da Pfizer e da Janssen. Estamos a fazer um esforço para que se existirem essas falhas aqui ou acolá, pontualmente sejam colmatadas com esta aquisição de vacinas”, disse hoje o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.

O governante, que hoje, Dia Mundial das Hepatites, visitou o Gabinete de Ativistas em Tratamentos (GAT) na Mouraria, em Lisboa, onde funciona uma consulta descentralizada de tratamento da hepatite C, respondia aos jornalistas sobre informações de situações em centros de vacinação contra a covid-19 em Lisboa onde houve dificuldades de concluir o esquema vacinal com a vacina da Pfizer por problemas de ‘stock’.

Ainda que admita casos pontuais, Lacerda Sales disse que “a população portuguesa pode ficar descansada, que ninguém ficará por vacinar por questões de falhas de vacinas”.

“A segunda dose da Pfizer não está em causa e mantemos o plano e que prevê ter no dia 06 de agosto 70% de primeiras doses e no final de agosto, início de setembro, ter 70% do esquema vacinal completo”, disse, referindo que tem havido vacinas “para acorrer às necessidades”.

Lembrou ainda o processo de aquisição de doses adicionais a ser negociado com Hungria, Itália e Bulgária, referindo que passará também por estas vacinas o colmatar de eventuais falhas. Não existem ainda datas previstas para a chegada destas vacinas ao país.

Sobre a vacinação das crianças dos 12 aos 15 anos, Lacerda Sales insistiu que o Governo aguarda as diretrizes da Direção-Geral da Saúde (DGS) e que o país está preparado para as vacinar antes do arranque do próximo ano letivo.

Questionado se as declarações sobre esta disponibilidade logística para avançar com o processo sinalizam uma intenção nesse sentido mesmo que haja um parecer negativo da DGS, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde repetiu a ideia de que “há o tempo da ciência e o tempo da política”.

“O importante é que as decisões que serão tomadas serão no interesse superior da criança e também no interesse coletivo. Esse é o papel de Estado e é o que estamos a fazer”, disse.

O facto de a região autónoma da Madeira já ter decido avançar com a vacinação das crianças e adolescentes entre os 12 e os 15 anos é uma decisão que o Governo respeita face ao estatuto político e administrativo do arquipélago, ainda que Lacerda Sales entenda que a robustez científica precisa de “tempo e amadurecimento”, necessários para “tomar uma decisão com convicção, determinação e maior certeza”.

Lacerda Sales não quis ainda adiantar-se ao Conselho de Ministros de quinta-feira sobre as decisões que podem vir a ser tomadas relativamente ao aliviar de restrições no combate à pandemia, na sequência dos resultados da reunião de peritos no Infarmed.

Sobre o Dia Mundial das Hepatites, destacou a importância de “respostas de proximidade” como o GAT para chegar a “franjas vulneráveis da sociedade” e permitir o tratamento em ambulatório, sem necessidade de recorrer aos hospitais.

Lacerda Sales foi acompanhado na visita pelo diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) e pelo novo diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direção-Geral da Saúde, Rui Tato Marinho, que disse ter entre as suas prioridades tornar o país mais igual no acesso aos tratamentos.

“Temos hospitais em velocidades diferentes, vamos melhorar esse aspeto”, disse.

Referiu também a necessidade de recuperar a atividade assistencial afetada pela pandemia de covid-19, mas adiantou que o Hospital de Santa Maria, o que mais pessoas trata nesta área, já está em 2021 com um número de doentes em tratamento quase igual ao total de 2020, ano em que foram tratados 90 doentes.

Cerca de 40 mil portugueses sofrem de hepatite, uma doença que provoca inflamação do fígado, que pode desaparecer espontaneamente ou progredir para fibrose (cicatrizes), cirrose ou cancro.

Existem cinco tipos de hepatite sendo que a B, C e D têm maior probabilidade de se tornarem contínuas e crónicas, enquanto a A é sempre uma doença aguda a curto prazo e a E é geralmente aguda e particularmente perigosa em mulheres grávidas.