Uma resolução aprovada na Assembleia Geral da Ordem dos Farmacêuticos na quarta-feira, e a que a Lusa hoje teve acesso, manifesta a “enorme preocupação” pelos atrasos na regulamentação do acesso à carreira farmacêutica, que ultrapassou o prazo definido em mais de 660 dias.

“A classe farmacêutica está muito indignada (…). Isto é de uma enorme gravidade. Vemos isto com um grande desagrado”, resumiu a bastonária dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, em declarações à Lusa.

Na resolução, os farmacêuticos lembram que sem a carreira regulamentada é “quase impossível colmatar as graves carências de recursos humanos em muitos serviços farmacêuticos hospitalares do país”.

“Sem a regulamentação da carreira farmacêutica, os serviços farmacêuticos hospitalares continuarão impedidos de contratar novos recursos. (…) Os inevitáveis constrangimentos ao funcionamento das farmácias hospitalares vão sendo combatidos, até à exaustão, por profissionais de elevada dedicação e sentido de responsabilidade, que não descuram esforços para que os utentes não sofram consequências de decisões que não são suas”, refere a direção da Ordem dos Farmacêuticos.

A carreira farmacêutica foi instituída em agosto de 2017, mas é necessário um diploma que a regulamente e que permita assim a entrada de farmacêuticos nos hospitais públicos ao abrigo da nova carreira, iniciando o seu percurso profissional e formativo pós-graduado.

Em declarações à Lusa, a bastonária questiona como irá o Ministério da Saúde contratar profissionais para as farmácias hospitalares sem ter a carreira regulamentada e sem um período de internato ou especialização garantido.

“Desde a altura em que aprovámos a carreira farmacêutica que legalmente não podem ser contratados farmacêuticos que não seja através da carreira. E para serem contratados é preciso que sejam farmacêuticos especialistas. Se não temos uma residência, um internato, antes disso, não temos especialistas”, explicou Ana Paula Martins.

A representante dos farmacêuticos indica também que não estão assim reunidas as condições para repor os profissionais que têm saída por aposentação ou que têm abandonado o serviço público.

A bastonária sublinha que as farmácias hospitalares do SNS já vivem “na linha vermelha”, com insuficiência de recursos para assegurar um adequado funcionamento.