A investigação da Universidade do Sul da Califórnia (USC) indica que as pessoas sentem falta de visitar amigos e parentes, jantar em restaurantes e comprar em lojas físicas.

"Somos parte da maior experiência de ciências sociais de todos os tempos", declarou à AFP Jeffrey Cole, coordenador do estudo. "O que acontece é que ninguém se preparou e ninguém se ofereceu como voluntário", acrescentou. "Estamos a ver uma mudança a surgir em massa, que levaria anos para acontecer, em apenas alguns dias", completa.

Para elaborar o "Coronavirus Disruption Project", a equipa entrevistou 1.000 pessoas on-line em todo o país sobre os desafios desde o início da crise de saúde.

Pelo menos 61% dos entrevistados afirmaram estar mais ansiosos, enquanto mais de um terço declarou sentir mais solidão.

Apesar das dificuldades, 35% das pessoas afirmaram que a relação com o cônjuge ou parceiro está melhor. E quase metade dos pais entrevistados afirmaram que têm uma relação melhor com os filhos, talvez porque mais de 80% deles relaxaram no que toca às regras sobre a hora de dormir, ver televisão ou jogar.

"Os níveis de ansiedade são realmente extraordinários", disse Cole, ao comparar a pandemia com os atentados de 11 de setembro de 2001 ou com a Grande Depressão.

Com a maioria dos americanos em quarentena, e muitos desempregados ou de licença, muitos destacaram a dedicação a "passatempos, atividades pessoais e iniciativas criativas".

O estudo mostrou que apenas 20% sentem falta de frequentar o bar, mas 30% dos consumidores de bebidas alcoólicas admitiram que estão a beber mais que antes do confinamento e o mesmo cenário para 42% dos consumidores de canábis.

"Estamos a fazer todas as coisas más", afirmou Cole, que descreveu o salto no consumo dos consumidores de canábis como "incrível".

O estudo indica que o coronavírus já pode ter desencadeado uma mudança permanente no comportamento das pessoas, sobretudo com os hábitos on-line.

Mais de um terço dos entrevistados compraram alimentos pela internet pela primeira vez e 39% citaram a intenção de continuar a fazê-lo depois da crise.