Marcelo Rebelo de Sousa fez esta apreciação sobre a situação política numa edição especial do programa “Circulatura do Quadrado”, na TVI24 em que se escusou a falar em público sobre a necessidade ou não de haver uma remodelação do Governo minoritário do PS chefiado por António Costa.

Nesta edição transmitida em direto a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, em que participou como convidado, o chefe de Estado defendeu que a atual crise social só se resolve se Portugal crescer “muito mais” do que tem crescido e com isso adquirir “capacidade competitiva em termos de recursos humanos com outras economias e sociedades”.

“Isto implica, no sistema político, de facto, uma capacidade de renovação dos atores políticos e dos parceiros económicos e sociais para desafios mais fortes”, sustentou, referindo que “os parceiros e os protagonistas também foram desgastados pela pandemia”.

Questionado se sente que o Governo está cansado, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que não lhe compete “fazer essa análise política”, embora a possa “fazer para si” e “utilizá-la e pensar nela quando ouve os partidos políticos” — como aconteceu nesta semana, entre segunda e quarta-feira.

O Presidente da República reiterou que “é bom ter uma área de poder forte” e ao mesmo tempo “é importante ter uma área de oposição que se afirme como alternativa e que vá também permanentemente ganhando força e capacidade de entrada no espírito dos portugueses”, também para evitar “os vazios” que propiciam “movimentos inorgânicos”, e concluiu que essa tarefa “cabe aos protagonistas”.

“É fácil dizer, é difícil fazer, porque uma pandemia é esgotante”, observou.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou os efeitos da pandemia de covid-19 nas pessoas em geral, declarando que deixou “muitas delas exaustas” e que representou “o reformular dos projetos pessoais, mas também dos projetos institucionais”.

Interrogado se no seu entender o executivo precisa de ser remodelado, retorquiu: “Aí está uma coisa que o Presidente nunca deve assumir com clareza, nem com clareza nem sem clareza. Pode assumi-lo, se for caso disso, na conversa com o primeiro-ministro. Não deve em público”.

“Como imagina, em conversa com o primeiro-ministro — e a conversa é uma vez por semana longuíssima e praticamente todos os dias de diversa duração — vai-se examinando os problemas que se colocam. Mas quem tem de tomar a iniciava é o primeiro-ministro, que melhor do que ninguém poderá julgar”, prosseguiu.

“O primeiro-ministro sabe muito melhor aquilo que se passa ou não se passa em termos de Governo, e portanto deve ser ele o juiz nesse domínio”, reforçou.