Numa altura em que mais de 422 milhões de adultos sofrem de diabetes, tem-se verificado melhorias no tratamento clínico da doença, com a incorporação de novos medicamentos para o seu controlo. Quem o diz é Rodrigo Oliveira, coordenador do departamento de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Cruz Vermelha, a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala no próximo dia 14 de novembro. No entanto, a falta de controlo dos doentes é "assustadora", comenta.

"A Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2), consequência da Obesidade, atinge entre 13 a 14% da população portuguesa e prevê-se que venha a triplicar nos próximos 15 anos. Porém, o tratamento do DM2 modificou-se drasticamente, conduzindo a melhores resultados nos tratamentos cirúrgicos e minimamente invasivos (Vídeo-laparoscópicos, endoscópicos e de embolização) em centros especializados de doenças metabólicas e do aparelho digestivo", afirma o Rodrigo Oliveira.

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Porém, estima-se que menos de 20% dos doentes tratados conseguem ter controlo da glicemia, pressão arterial e lípidos. Esta é uma condição “assustadora, já que a síndrome metabólica descompensada é a principal causa de morte por doença cardiovascular”.

"A mortalidade de origem cardiológica nos portadores de diabetes tipo 2 localiza-se entre os 9,5% e os 10,5% por ano. Sendo a obesidade a doença do século XXI, em Portugal, 60% destes doentes são obesos ou vivem no risco de desenvolver a doença e outras associadas", refere o médico.

"No que respeita à obesidade infantil, Brasil, EUA, Itália e Portugal são os piores países do mundo face ao índice de aumento progressivo", reforça o Rodrigo Oliveira.

Em Portugal estima-se que a diabetes afete 13,3% da população com idades entre os 20-79 anos, das quais 44% desconhecem ter a doença. Diariamente são diagnosticados com diabetes em Portugal cerca de 200 novos doentes. Estima-se que a diabetes afete mais de um milhão de portugueses enquanto a "pré-diabetes" afetará cerca de 2 milhões.

"A diabetes é a principal causa de cegueira, amputação, doença cardiovascular, insuficiência renal e mortalidade precoce. Contudo, há hábitos simples que ajudam a reduzir o risco de desenvolver a doença. Sabemos que mais de 50% dos casos de diabetes tipo 2 são preveníveis, queremos promover o papel das famílias na gestão e educação terapêutica da diabetes", alerta o médico José Manuel Boavida, endocrinologista e presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP).