Questionada na quinta-feira pela agência Lusa no final de uma audição na Comissão de Saúde se os hospitais tomaram algumas medidas para responder a um eventual aumento da procura devido ao calor intenso, Marta Temido explicou que, no âmbito da saúde sazonal, os hospitais têm já as suas definidas e que implementam em função do contexto.

“Estamos, de facto, a atravessar uma semana particularmente difícil, particularmente preocupante, e hoje [ontem] há registo de alguns picos de afluência nalgumas instituições de saúde”, disse Marta Temido, referindo que o Governo está a acompanhar a situação.

A ministra disse esperar que “tudo corra o melhor possível, sabendo que os profissionais de saúde estão lá” e que se pode contar com eles.

“Aquilo que neste momento é importante é que cada um continue a fazer a sua parte e a garantir a melhor resposta possível à população”, defendeu.

Questionada se é possível deslocar médicos das consultas para reforçar as urgências hospitalares neste período de maior calor, Marta Temido disse que “isso não está previsto neste momento”.

“Naturalmente que é uma gestão institucional daquilo que é a necessidade de resposta à população concreta e às necessidades da população concreta, mas sob um ponto de vista mais genérico, neste momento, isso não está previsto, mas vamos avaliando, evidentemente”, rematou Marta Temido.

Também questionada sobre uma notícia da Rádio Renascença que dá conta que no mês de junho registaram-se 10.215 mortes em Portugal, uma subida de 26% face à média de mortes diárias entre 2009 e 2019, a ministra afirmou que a mortalidade é um fenómeno complexo que carece de uma análise aprofundada e tecnicamente consistente.

Marta Temido destacou que Ministério da Saúde está, através das suas entidades, “totalmente empenhado em conhecer aquilo que é a mortalidade, conhecer as suas causas e atuar sobre as suas causas”,

Sublinhou ainda que, estas análises, para serem sérias, demoram muitas vezes tempo, e como tal é necessária “alguma prudência” na forma como às vezes se lê os números.

“Queremos chegar a conclusões céleres e elas não são possíveis quando são sobre fenómenos complexos e necessitam de tempo e de análise técnica”, sustentou Marta Temido.

Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, foram registados, em 2022, dois períodos de excesso de mortalidade, entre 17 de janeiro a 6 de fevereiro, coincidente com o pico de incidência da quinta onda pandémica em Portugal, e entre 9 de maio a 19 de junho, coincidente com o pico de incidência da sexta vaga da pandemia de covid-19 e com uma onda de calor também simultaneamente registada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera entre os dias 09 e 17 de junho.

A atividade epidémica da gripe também poderá de alguma forma ter contribuído para esta onda. “Ou seja, juntaram-se três componentes gripe, onda pandémica e também o calor”.

“Portanto, estamos perante três situações em que, muitas vezes, quando se juntam acabam por ser a tempestade perfeita”, afirmou Lacerda Sales, destacando também a necessidade de se avaliar ao longo do tempo estes picos de mortalidade.