Em comunicado, o diretor executivo do ACES Lezíria, Hugo de Sousa, salienta que o projeto, de intervenção numa comunidade carenciada de cuidados de saúde primários, resulta de uma colaboração entre a Unidade de Saúde Familiar (USF) de São Domingos (Santarém) e o polo de Marinhais, que integra a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Salvaterra de Magos.

Iniciado em 03 de setembro último, o projeto visa “melhorar a vigilância de grupos específicos como diabéticos, grávidas e crianças”, procurando “colmatar a falta de médicos de família no polo de Marinhais”, salienta.

“Este projeto tem como principal objetivo a realização de consultas de vigilância nas áreas de Saúde Infantil, Saúde Materna, Planeamento Familiar e Rastreio do Cancro do Colo do Útero (RCCU), bem como junto dos utentes com hipertensão arterial e diabetes mellitus”, acrescenta.

As consultas, realizadas por especialistas em Medicina Geral e Familiar da USF São Domingos e por médicos internos da especialidade, decorrem todos os sábados, das 09:00 às 14:00.

O projeto foi planeado para um período de quatro meses, com possibilidade de prosseguir no próximo ano.

Num balanço dos primeiros dois meses (setembro e outubro), o ACES Lezíria refere a realização de 365 consultas de adultos, “entre as quais consultas de hipertensão arterial/diabetes mellitus e consultas não presenciais (com a finalidade de solicitar previamente análises de vigilância a doentes hipertensos e diabéticos, de forma a serem portadores de resultados no dia da consulta para uma gestão mais eficiente de recursos)”.

Foram ainda realizadas duas primeiras consultas de gravidez, 13 de seguimento e uma de revisão de parto, 64 consultas de planeamento familiar e, no âmbito da Saúde Infantil, 67 consultas.

“Este é um projeto que tem sido muito bem recebido pela população e que tem como ambição uma melhoria do acesso a cuidados médicos, assim como a obtenção de ganhos em saúde”, sublinha a nota.

Em junho, o Movimento de Utentes de Salvaterra de Magos promoveu uma concentração destinada a reclamar soluções para a situação dos cuidados de saúde primários num concelho em que mais de 75% da população (16.500 utentes) não tinha médico de família atribuído.

No caso de Marinhais, era apontada a saída de dois médicos, deixando a extensão de saúde com apenas “dois médicos temporários", dificultando o agendamento de consultas, sendo que “mais de metade da população” não tinha médico de família.

“Existem crianças e grávidas sem as consultas obrigatórias, idosos e doentes crónicos que demoram meses a ter credenciais de medicação. Acresce ainda que o Centro de Saúde de Marinhais é antigo, exíguo, funciona no primeiro piso de um edifício residencial, encontrando-se completamente obsoleto para dar a resposta adequada a uma população de mais de 6 mil utentes”, afirmava aquele movimento.