Elevar a atual taxa de 1.000 testes para uma taxa de 3.000 testes por milhão de habitantes permitirá poupar mais de 4 milhões de euros, só em hospitalizações evitáveis (correspondendo a mais de 900 hospitalizações nos próximos 10 dias), o que se traduzirá em menor pressão para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), mais vidas salvas e menos oportunidades de contágio. Quem o diz é um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.  

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

No estudo de avaliação económica agora tornado público, os investigadores concluíram que a massificação de testes para o COVID-19 é uma “estratégia custo-efetiva, capaz de gerar poupanças diretas na ordem dos milhões de euros em hospitalizações”, explica João Fonseca, diretor do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da FMUP.

Nesta simulação, assumiu-se que pelo menos 7,5% dos testes teriam resultado positivo, uma taxa consideravelmente mais baixa do que a atual, que se se situa nos 15%. Utilizaram-se modelos de análise com dados nacionais de dia 21 de março, e foram testados vários cenários quanto ao número de testes realizados e à frequência de resultados positivos.

Os resultados corroboram a conclusão de que “se devem aumentar as taxas de testes para se atingir o objetivo de reduzir o número de novas infeções, e subsequentemente de hospitalizações”, sublinha Bernardo Sousa Pinto, investigador do CINTESIS.

Com uma massificação de testes para o COVID-19 podem identificar-se os casos infetados mais precocemente, evitar novas infeções e, por conseguinte, hospitalizações. Aliás, os autores entendem que os benefícios reais subjacentes à massificação de testes por COVID-19 poderão ser ainda maiores do que os estimados, uma vez que, neste estudo, não foram tidas em conta questões ligadas à produtividade e aos custos de oportunidade.

“O facto de ter mais hospitalizações em doentes com infeção COVID-19 leva a que exista competição por recursos de saúde, que, nesta altura, são escassos, deixando de estar disponíveis para doentes com outras patologias. Acrescem previsíveis decréscimos nos custos dos testes com a entrada de novos concorrentes no mercado e com a ação dos reguladores”, explica Francisco Rocha Gonçalves, especialista em Economia da Saúde da FMUP.

Os autores salientam ainda que “os custos não devem ser a única ou sequer a principal variável a pesar nas decisões políticas, no entanto os resultados para os doentes subjacentes à simulação económica também denotam benefícios de saúde claros”. Assim, “estes resultados podem ser mais um estímulo a um alargamento da quantidade de testes realizada, em linha com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, com as intenções manifestadas nos últimos dias pelo governo, e com os exemplos de sucesso de países como a Coreia do Sul ou a Noruega”, adita o professor da FMUP João Fonseca.

Contudo, os autores avisam que, para se conseguirem melhores resultados, é necessário um esforço imenso e imediato no sentido de alargar a capacidade de realização de testes para COVID-19 em todo o país, recorrendo a todo o sistema de saúde. “A sociedade civil pode e deve mobilizar-se e colaborar em iniciativas de identificação de casos, reduzindo assim o número de contactos e, consequentemente, de novos infetados”, apela Altamiro da Costa Pereira, diretor da FMUP, também envolvido neste trabalho.

Este estudo foi desenvolvido por um grupo de trabalho multidisciplinar da FMUP, designado COVIDcids. O grupo foi especialmente criado para fazer face aos desafios médico-científicos decorrentes da pandemia por Covid-19, estando empenhado em criar novos conhecimentos que apoiem a tomada de decisão em saúde.

Como lavar bem as mãos para se ver livre de vírus e outros microrganismos?