O suicídio define-se como um ato em que um indivíduo põe termo à própria vida de forma intencional e voluntária. Embora possa afetar todo o tipo de pessoas, este comportamento é mais frequente em homens acima dos 65 anos e em jovens entre os 15 e os 24 anos. Outros conceitos relacionados são a tentativa de suicídio, na qual a pessoa tem intenção de morrer, mas sobrevive, e os comportamentos autolesivos, sem intenção letal, como por exemplo cortes infligidos no próprio corpo.

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Na maioria dos casos, os comportamentos suicidários estão relacionados com fatores psicopatológicos, que vão desde a presença de uma depressão, esquizofrenia ou doença bipolar, estados de ansiedade, consumo de álcool ou de outras substâncias.

Outros fatores como tentativas de suicídio anteriores, o historial suicidário na família, o contacto com este tipo de comportamento nos média, assim como algumas caraterísticas de personalidade (agressividade, ansiedade, perfecionismo, etc.), podem ser fatores precipitantes de comportamentos letais.

Os contextos familiar, social, económico e cultural também desempenham um papel crucial no desenvolvimento de quadros de grande angústia que podem resultar em pensamentos suicidas, os quais são tidos pelo indivíduo como a solução que irá acabar com a dor que está a sentir. Divórcio, dificuldades financeiras, desemprego, violência, bullying, morte de um ente querido, entre muitos outros, são algumas realidades que podem afetar de forma negativa o estado psicológico da pessoa e, por sua vez, despoletar atos suicidários.

Como reagir?

Em caso de ideação suicida ou se conhecer alguém em risco, procure um médico.

Em caso de emergência, ligue para o 112.

Mais contactos

Centro SOS-Voz Amiga (diariamente das 16h00 às 24hoo)

- 21 354 45 45

- 91 280 26 69

- 96 352 46 60

Linha Telefone Amigo (todos os dias das 17hoo à 01h00)

239 72 10 10

Linha Telefone Amizade (de segunda a quinta-feira das 16h00 à 01h00; sexta-feira e sábado das 19h00 às 21h00 horas)

- 800 205 535

Contudo, a presença de um ou mais fatores de risco não implica, por si só, que a pessoa atente contra a sua própria vida. Isto porque os pontos anteriormente mencionados manifestam-se de forma distinta em cada indivíduo.

Sinais de alarme

São as pessoas mais próximas do indivíduo, como familiares e amigos, que têm um papel fulcral na identificação de sinais indicadores da presença de fatores de risco para comportamentos suicidários, dos quais se destacam: o sofrimento e tristeza profunda; o isolamento social; a baixa autoestima; as alterações repentinas de humor; a adoção de comportamentos de risco, como o consumo abusivo de bebidas alcoólicas ou substâncias psicotrópicas; os sentimentos de culpabilidade e de desvalorização pessoal; abordar temas relacionados com a morte ou o suicídio com maior frequência; ou expressar a intenção de cometer suicídio.

Este último ponto jamais deve ser desvalorizado, dado que é frequente que a pessoa verbalize que pretende suicidar-se antes de realizar o ato.

Reconhecido o problema, a etapa seguinte passa por tentar ajudar a pessoa a sair da angústia em que se encontra, mostrando-lhe que existe um caminho diferente para solucionar aquilo que a atormenta. Para isso, existem várias medidas que deve tomar, nomeadamente:

  • Levar a sério o estado em que a pessoa se encontra e não minimizar o seu sofrimento;
  • Ouvi-la com atenção, de forma a perceber o que se passa e como pode ajudar;
  • Não criticar as suas intenções e tentar compreender as razões do seu desespero;
  • Tentar perceber quais os planos e métodos que a pessoa tem para concretizar o suicídio;
  • Transmitir empatia e confiança, demonstrando que através de si há sempre a possibilidade de desabafar e de encontrar conforto e ajuda para os problemas;
  • Ponderar, em conjunto, soluções alternativas para o problema que despoletou a intenção suicidária;
  • Propor a ajuda de terceiros, incluindo a procura de apoio especializado, nomeadamente o apoio psiquiátrico ou psicológico.
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O tratamento a adotar irá depender dos fatores que desencadearam as intenções suicidas. Caso estejamos perante um quadro psicopatológico, a psicoterapia e a utilização de fármacos são dois métodos a considerar, assim como, em última instância, o internamento.

Para os restantes casos, o tratamento e acompanhamento psicológico regular poderão ajudar a pessoa a ultrapassar o estado de angústia extrema em que se encontra.

As explicações do Professor Joaquim Cerejeira, médico psiquiatra e Diretor Clínico da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra.