Greta Thunberg expressou o seu descontentamento face à atitude dos líderes mundiais do G7 devido às falsas promessas sobre o combate climático, durante a Cimeira do G7 que decorreu no luxuoso Hotel Carbis Bay, na Cornualha, Inglaterra, no passado mês de junho.

Liderado pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e com a participação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o objetivo do evento de três dias era que o grupo se reunisse, antes das conferências das Nações Unidas deste ano, para discutir uma variedade de questões globais, incluindo o seu esforço de colaboração para enfrentar a crise climática.

Durante todo o fim de semana, e de acordo com a publicação da VegNews, reproduzida pelo blogue da AVP, os participantes do evento foram tratados com uma variedade de refeições, incluindo um banquete de cinco pratos que incluía rodovalho, uma seleção de queijos da Cornualha e sobremesas à base de laticínios na sexta-feira; e um churrasco luxuoso de praia, no sábado, que incluía aperitivos de marisco feitos com vieiras, cavala e pinças de caranguejo, bem como uma entrada tradicional de ‘surf-and-turf’ [entrada com produtos de terra e mar], que incluía bife de lombo de vaca e lagostas. As refeições foram comercializadas como sustentáveis e “neutras em carbono” porque os animais, como o borrego e o caranguejo, eram de origem local.

O evento também se comprometeu a apoiar projetos ambientais noutros países, tais como um local de compostagem no Vietname, para compensar as suas emissões de carbono criadas. Desde logo, pelo facto de B. Johnson ter chegado à Cornualha de avião privado, em vez de ter optado por um transporte mais ambientalmente consciente, nomeadamente apanhar um comboio a partir de Londres.

Durante a Cimeira, os líderes dos países do G7 – que incluem o Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA – publicaram um comunicado de 25 páginas para delinear os seus compromissos climáticos. Juntos, comprometeram-se a implementar uma “revolução verde”, acelerando os esforços para atingir zero emissões líquidas de carbono até 2050, com uma referência para reduzir as emissões em 50%, até 2030, e um compromisso de conservar 30% das terras e oceanos até 2030.

Colectivamente, os países do G7 também se comprometeram a mobilizar anualmente 100 mil milhões de dólares, até 2025, para ajudar os países em desenvolvimento a atingir as metas climáticas. “Este fim de semana fomos claros: a ação tem de começar por nós”, disse Johnson.

Ao delinear os seus esforços para alcançar as metas climáticas, os líderes do G7 omitiram completamente a referência à agropecuária – que, segundo a FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura], contribui com 14,5% do total das emissões de gases com efeito de estufa.

Na verdade, entre as discussões, os líderes do G7 conduziram os negócios como habitualmente, desfrutando de uma série de produtos animais prejudiciais ao ambiente, enquanto se divertiam com espectáculos aéreos que desperdiçam combustível.

Conhecida por desafiar os líderes mundiais sobre a falta de urgência na mitigação da crise climática, Thunberg criticou os líderes do G7 com posts contundentes nos meios de comunicação social.

“A crise climática e ecológica está a escalar rapidamente. O G7 derrama quantidades extraordinárias de combustíveis fósseis, quando se prevê que as emissões de CO2 sofrerão o segundo maior aumento anual de sempre”, disse Thunberg.

“Mas os líderes do G7 parecem estar realmente a divertir-se, exibindo os seus compromissos climáticos vazios e repetindo as promessas antigas por cumprir. Claro que isto exige uma celebração de churrasco com bife e lagostas, enquanto os aviões a jato realizam acrobacias aéreas no céu sobre a estância [resort] do G7”.

Em novembro, os líderes do G7 irão participar na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) de 2021 em Glasgow, Escócia, onde se espera que assumam compromissos adicionais no combate à crise climática.