O cancro da mama é, atualmente, uma das doenças oncológicas que mais mulheres afeta em todo o mundo e em Portugal não é exceção. Na verdade, é a neoplasia mais diagnosticada em mulheres e a segunda que mais mortes causa no nosso país.

De acordo com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, em Portugal, anualmente são detetados cerca de 7.000 novos casos de cancro da mama, e 1.800 mulheres morrem com esta doença.

São muitas as patologias que se manifestam única e exclusivamente como resultado de estilos de vida menos saudáveis, no entanto, esse não é o caso do cancro da mama. Na verdade, não é conhecida uma causa específica para o cancro da mama. Contudo, existem quase tantos fatores de risco sobre os quais não temos qualquer controlo, como fatores que só são de risco se adotarmos comportamentos que propiciam o seu desenvolvimento.

Alguns dos fatores de risco que não controlamos são, por exemplo: o sexo; a idade; hereditariedade; histórico familiar; fatores hormonais; maternidade; etnia; densidade mamária e lesões benignas. Por outro lado, o consumo excessivo de álcool, o excesso de peso, a toma da pilula e o tabagismo, são fatores que podemos controlar.

É muito importante estar atento aos sintomas para que o cancro possa ser diagnosticado e tratado numa fase mais precoce. Neste tipo de cancro, os sintomas iniciais estão relacionados com alterações físicas visíveis, que devem ser observadas com atenção:

  • Nódulo ou espessamento na mama ou na zona da axila
  • Alterações na mama ou no mamilo visíveis ou palpáveis, incluindo vermelhidão ou inchaço
  • Dores na mama
  • Maior sensibilidade no mamilo
  • Secreção de corrimento ou sangue pelo mamilo
  • Retração cutânea ou do mamilo

Muitas mulheres encontram pequenos nódulos nas suas mamas. Naturalmente, o pior cenário tem de ser tido em consideração, mas na maioria das vezes as coisas são bem menos graves. Isto não significa que estes nódulos devem ser ignorados, antes pelo contrário. Devem ser o ponto de partida para procurar aconselhamento médico e, aí, dar início aos procedimentos que vão permitir fazer o diagnóstico correto e atempado. O diagnóstico do cancro da mama pode ser realizado de quatro formas:

  1. Mamografia - É o exame standard do diagnóstico mamário e o mais utilizado nos programas de rastreio. Fornece imagens da estrutura interna da mama e das suas alterações.
  2. Ecografia - Este é um exame complementar da mamografia e o primeiro exame a ser feito por mulheres abaixo dos 30 anos. A ecografia permite perceber se as características de um nódulo apontam mais para um nódulo benigno ou maligno.
  3. Ressonância Magnética - Este exame permite avaliar a mama com grande detalhe e é especialmente indicado para mulheres de alto risco como as que têm mutação genética conhecida.
  4. Biópsia - Essencial para saber se o nódulo é benigno ou maligno. Geralmente, consiste em retirar pequenas amostras de tecido.

Quanto mais cedo for detetado, maior é a taxa de sucesso do tratamento do cancro da mama, sendo que a taxa de cura atinge os 95%. Assim sendo, reforçamos que é essencial que as mulheres tenham consciência da anatomia da sua mama, pois só assim poderão perceber caso alguma alteração surja, persista ou se agrave. Também é muito importante fazer exames de rastreio, antes de surgirem quaisquer sinais ou sintomas, só assim este cancro poderá ser detetado e tratado precocemente.

Um artigo de Joana Augusto, Oncologista na Clínica de Santo António, e José Carlos Marques, Responsável pela Unidade de Radiologia Mamária do IPO Lisboa Radiologista dedicado à patologia mamária no Hospital Lusíadas e no Centro de Senologia em Lisboa.

Os autores elaboraram o artigo em colaboração com a Médis.