O anúncio da construção da nova maternidade (serviços de obstetrícia e neonatologia) decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra, numa conferência que juntou o presidente do CHUC e o novo presidente do município, José Manuel Silva, que tomou posse na segunda-feira.

O local “é, como não poderia deixar de ser” e como a administração do CHUC sempre defendeu, na “ligação física a uma unidade hospitalar que assegure o apoio perinatal altamente diferenciado e essa unidade são os HUC [Hospitais da Universidade de Coimbra]”, afirmou Carlos Santos, referindo que a nova maternidade será construída numa zona de estacionamento dos HUC.

A escolha da localização foi feita “por razões fundamentalmente técnicas e por razões fundamentalmente clínicas”, frisou, salientando que todos os pareceres defendiam a necessidade de que a sua construção fosse junto aos HUC, face à necessidade de garantir a segurança das grávidas.

O concurso para o projeto de arquitetura será lançado ainda hoje e o presidente do CHUC espera que a maternidade possa ser inaugurada em dezembro de 2024.

A estimativa quanto ao custo de investimento será de 38 milhões de euros para a infraestrutura e 6,8 milhões de euros em equipamento, acrescentou.

Segundo Carlos Santos, a decisão estava tomada pelo Ministério da Saúde desde 17 de agosto, mas o Governo e o CHUC decidiram aguardar pela tomada de posse do novo executivo para garantir “um alinhamento com o poder local”.

O presidente do CHUC realçou que a construção da nova maternidade estará integrada numa aposta no descongestionamento do trânsito nos HUC e salientou que o Centro Hospitalar vai avançar com a requalificação de todo o parque de estacionamento, que vai permitir aumentar em 20% os lugares para estacionar, mas que passará a ser pago (apenas com período gratuito para tomada e largada de passageiros), de forma a desincentivar a utilização de viatura própria na deslocação para o hospital.

O plano tem também em conta o acesso do Metrobus aos HUC, assim como um aumento em 20% nas consultas realizadas nos Covões, que vai retirar em média mil pessoas por dia dos Hospitais da Universidade (a maternidade em picos deverá ter uma procura máxima de 400 a 500 pessoas por dia).

José Manuel Silva realçou que “é uma situação de emergência médica a construção da nova maternidade”, apoiando a decisão já comunicada à Câmara de Coimbra pelo Ministério da Saúde.

“É preciso meter mãos à obra e lançar o concurso”, salientou, sublinhando que a construção da maternidade estará integrada num “plano global de redefinição do trânsito e mobilidade do Hospital”.

Durante o anúncio, José Manuel Silva congratulou-se também com um aumento do ambulatório nos Covões, mas afirmou que vai ser encomendado um estudo, com o apoio do CHUC, para avaliar a fusão concretizada em 2011.

“Queremos que, de uma vez por todas, o processo de fusão seja avaliado. Não só os resultados financeiros, como em termos clínicos e assistenciais”, notou.

Considerando que caso o estudo demonstre que a fusão não foi positiva, a Câmara terá “mais capacidade de reivindicação em relação aos Covões”.

Questionado sobre a demora do anúncio da construção quando todos os pareceres já há muito indicavam a localização agora definida, José Manuel Silva realçou que a Câmara de Coimbra “não pode continuar a meter o pau na roda”.

“O serviço já vem tarde. Não podemos atrasar nem mais um dia”, constatou, salientando que a responsabilidade dos atrasos “é de vários governos e de vários ministros da Saúde”.

Questionado sobre o facto de este não ser o primeiro anúncio da localização da nova maternidade (aconteceu um semelhante em 2018, com outra administração do CHUC), Carlos Santos salientou que na altura era presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra e que a sua parte do plano de investimentos na altura anunciado “está hoje a ser executado”.

“Estou a par desse anúncio, mas essa ideia teve que ser abandonada por razões estruturais e técnicas, de engenharia”, esclareceu.