As alterações das taxas de juro mexem com as prestações do crédito habitação de quem tem taxa variável. Assim, é natural que essas pessoas olhem para a sua evolução com particular interesse.

Se 2022 e 2023 foram anos marcados por subidas, 2024 trouxe um alívio. O Banco Central Europeu fez cortes na taxa diretora por quatro vezes e o ano terminou nos 3%.

E para 2025? O que podemos esperar?

Um cenário mais otimista

O BCE fez o primeiro corte em quase cinco anos em junho de 2024, baixando em 25 pontos base a taxa de depósitos, para os 3,75%. Nessa altura, acreditava-se que o banco central faria mais dois cortes até ao final do ano. No entanto, foi mais além e desceu os juros mais três vezes (fechou o ano nos 3%).

E como, por regra, as taxas Euribor antecipam as decisões do BCE, a taxa a seis meses terminou o ano nos 2,6%.

Agora vem aí 2025 e a perspetiva é de que o BCE continue a fazer cortes na taxa diretora, sempre na ordem dos 25 pontos base por reunião. Como há quatro reuniões agendadas até junho, é possível acreditar que, a meio do ano, a taxa ronde os 2%.

Em relação à Euribor, os futuros apontam para que a taxa a seis meses atinja os 1,96% em junho e baixe gradualmente até aos 1,85% até ao final de 2025.

Já os swaps das taxas de juro - que servem de referência para as operações de taxas fixas - estão neste momento a negociar na casa dos 2,2%. Ou seja, quem quiser um crédito habitação com taxa fixa de curta de duração (o que acontece, por exemplo, quando contrata taxa mista), pode esperar valores não muito distantes daquele.

Contudo, quando olhamos para estas previsões devemos ter sempre em conta que a realidade pode mudar devido a desenvolvimentos económicos ou a anúncios do BCE.

Vale a pena contratar taxa variável?

Quem já tem um crédito com taxa variável vai ver a prestação cair à boleia da descida da Euribor.

Já quem vai fazer um crédito agora ou quer renegociar ou transferir, pode estar a pensar qual será a melhor solução: taxa variável ou taxa mista com taxa fixa de curta duração? Vamos aos números.

Para isso, fomos ver as taxas fixas de curta duração praticadas por seis bancos portugueses, que se situam entre os 2,6% e os 3%. Assim, vamos usar uma taxa de 2,8%. Num crédito de 200 mil euros pago em 30 anos, a prestação é de 821,79 euros.

Já no início de um contrato a taxa variável com Euribor de 2,6% e spread de 0,75%, a prestação é de 881,43 euros.

E mais à frente, tendo em conta as perspetivas de descida da Euribor ao longo de 2025?

  • Mantendo a taxa fixa por dois anos, a TAN será de 2,8%;
  • Os futuros da Euribor apontam para uma taxa a seis meses de 1,85% no final de 2025. Adicionando o spread de 0,75%, ficamos com uma TAN de 2,6%.

Tenho, no entanto, em consideração que há bancos a praticar taxas fixas de curta duração mais baixas (e outros mais altas) e que a Euribor pode não atingir estes níveis (ou, pelo contrário, ser ainda melhor).

Assim, a única certeza que tem de que a prestação não mexe (para o bem e para o mal) é nos contratos com taxa fixa.