No Espiritismo, chama-se “obsessor” ao Espírito que, por afinidade negativa ou por laços de vidas passadas, influencia de forma persistente os pensamentos e as emoções de um indivíduo. Essa influência pode variar desde uma sugestão subtil até um envolvimento mais intenso, quando a pessoa, fragilizada, perde parte da sua autonomia espiritual. Os obsessores não são enviados pelo destino nem pelos astros, mas encontram ressonância quando a alma vibra em sintonia com o medo, a revolta ou a desesperança.

Na visão espírita, os astros não determinam os acontecimentos da nossa vida, mas podem ser compreendidos como símbolos que reflectem estados da alma e fases de aprendizagem. Um trânsito difícil de Saturno ou de Plutão não tem o poder de “abrir as portas” para obsessores de forma automática; no entanto, pela linguagem espiritual, esses períodos podem intensificar crises interiores, despertando medos, angústias e sentimentos de perda. É nesse terreno emocional que, muitas vezes, se estabelece a sintonia com espíritos menos esclarecidos.

Saturno representa um tempo de provas, de disciplina e de responsabilidade. Quando a sua energia se apresenta de forma desafiadora, podemos sentir o peso das limitações, das exigências e dos reajustes kármicos. É natural que a alma se sinta mais solitária ou pressionada nesses períodos. Se uma pessoa reage com revolta ou desesperança em trânsitos desafiadores destes dois titãs, a sua vibração enfraquece e torna-se mais permeável às influências negativas. Mas, se busca serenidade, fé e perseverança, o mesmo trânsito converte-se numa escola de maturidade espiritual e fortalecimento interior.

Plutão simboliza processos de morte e renascimento; ele abre os porões da psique e expõe aquilo que estava escondido: dores, traumas, ressentimentos. Este mergulho nas sombras pode ser perturbador e, se não for acolhido com consciência, também pode atrair companhias espirituais que vibram na mesma frequência do sofrimento. Contudo, Plutão também traz a oportunidade de libertação profunda, de depuração kármica e de uma renovação que conduz a alma a um outro patamar de consciência.

O Espiritismo lembra-nos que o verdadeiro campo de batalha não está nos céus, mas na nossa intimidade. Os trânsitos planetários são apenas cenários que estimulam escolhas: podemos afundar na sombra e abrir portas para obsessões, ou podemos transformar a dor num grau elevado de evolução. O livre-arbítrio, aliado à oração, ao estudo e ao cultivo de bons pensamentos, é sempre a chave que mantém a alma em sintonia com os bons Espíritos.

Assim, Saturno e Plutão não são inimigos: são guardiões que nos convidam a atravessar provações e a renascer das cinzas. Se a alma se fortalece, esses períodos deixam de ser brechas para obsessores e transformam-se em portais de libertação e de luz.