O navio Restauration, que partiu da Noruega em 1825 com destino aos Estados Unidos, é considerado um marco da emigração transatlântica. Durante a travessia, realizou uma paragem inesperada no Funchal. De acordo com relatos da época, a tripulação encontrou um barril de vinho da Madeira à deriva e, ao chegar ao porto do Funchal, a 28 de julho, os passageiros foram recebidos com alimentos e uvas frescas, após suspeitas iniciais por parte das autoridades locais.

Duzentos anos depois, a viagem comemorativa do navio — agora simbólica — repete a passagem pela Madeira. Neste contexto, a 30 de julho, a Universidade da Madeira, em colaboração com diversas entidades nacionais e internacionais, promove as celebrações da passagem do navio norueguês Restauration pelo Funchal. A iniciativa envolve parceiros como a Embaixada da Noruega, a Slow Food de Bergen, a Cátedra UNESCO da Universidade de Évora, o IVBAM, a Blandy’s e o The Views Hotels.

Do Funchal a Nova Iorque: Madeira revive paragem histórica do navio Restauration no século XIX
Do Funchal a Nova Iorque: Madeira revive paragem histórica do navio Restauration no século XIX créditos: Humberto Mouco

O programa conta com dois momentos gastronómicos que conjugam tradições da Madeira e da Noruega. O primeiro decorre às 12h30 no Porto do Funchal, e o segundo às 19h30 no Colégio dos Jesuítas. Ambos os eventos contam com a presença do chef Bjarte Finne, representante da gastronomia norueguesa e membro do movimento Slow Food.

Durante o dia, realiza-se também um Encontro Internacional na Reitoria da Universidade da Madeira. Paralelamente, têm início as visitas guiadas às vinhas tradicionais da costa norte e sul da ilha, no âmbito do projeto HeViTOUR MAD, que pretende promover a viticultura heroica da Madeira. Esta ação integra o plano de salvaguarda da candidatura das Tradições do Vinho Madeira à distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

O HeViTOUR MAD propõe uma abordagem de turismo regenerativo integrado, com o objetivo de direcionar os fluxos turísticos para o apoio direto a pequenos produtores vitivinícolas. A intenção é reforçar a sustentabilidade da atividade agrícola e valorizar o território.

A escala pretende reforçar os laços históricos entre as duas regiões e destacar práticas ligadas à hospitalidade, à produção vinícola e à cooperação cultural.