De certeza que já ouviu falar sobre eles e que o nome 'Explorerssaurus' lhe diz alguma coisa. Raquel e Miguel conheceram-se em 2016 e desde esse momento nunca mais saíram da cabeça um do outro, até que um ano depois estavam a morar juntos e a partilhar a mesma paixão: as viagens.

O blog e o Instagram chegaram um pouco depois e é neles que partilham imagens paradisíacas, que faziam os seus seguidores sonhar e ter vontade de conhecer os destinos por onde passavam.

Em 2020, e no meio da pandemia que se faz sentir pelo mundo, decidiram lançar a sua primeira linha de roupa, com o nome Mirah Studio. Mas antes de a darmos a conhecer falámos com os dois e vamos deixar que sejam eles a contar-lhe um pouco da sua história. Veja!

Porquê o nome Explorerssaurus?

A primeira viagem que fizemos juntos foi à Indonésia. Visitámos uma ilha chamada Nusa Penida, muito conhecida por ter uma praia com uma formação rochosa em forma de dinossauro. O acesso a esta praia era extremamente perigoso, era preciso descer quase um abismo. Como o Miguel tinha medo de alturas isto dificultou bastante o processo… Várias vezes ele pensou em desistir mas, quando passado quase uma hora conseguimos chegar à praia, ele disse algo como: “foi a primeira vez que me senti um verdadeiro explorador”. Como foi um momento que nos marcou tanto, aliamos a palavra explorador a dinossauro e formámos então “explorerssaurus”.

Quantos países já visitaram e qual o mais marcante?

Juntos já visitámos 36 países. Todos os países marcaram-nos de uma forma diferente, mas talvez a Indonésia seja mais especial, por ter sido a nossa primeira viagem juntos. Como se costuma dizer:

A primeira vez nunca se esquece!

Como surgiu a ideia de criarem uma marca de roupa e qual foi a inspiração?

Desde pequeno que o Miguel sempre sonhou em ter uma marca de roupa por ser apaixonado por moda. Portanto já era algo que falávamos desde que começámos a nossa relação. Durante as nossas viagens e partilha das nossas fotografias nas redes sociais, os nossos seguidores sempre questionaram onde comprávamos as nossas roupas. Isto ainda nos incentivou mais a acreditar que devíamos investir numa marca nossa, que refletisse o nosso estilo e filosofia de vida. Começámos então a trabalhar neste projeto em setembro de 2019 e estamos muito felizes por finalmente termos tornado este sonho realidade.

Em relação ao fabrico optaram por fábricas nacionais ou preferiram criar as peças fora?

Desde o início que decidimos que queríamos que a marca fosse portuguesa. Por termos orgulho das nossas origens, por valorizarmos a qualidade dos produtos nacionais e porque apoiamos a economia local. Seria muito mais lucrativo produzir em muitos dos países que visitamos, mas seria contra os nossos princípios também. Tão importante quanto as peças que vestimos é quem as faz e não queríamos explorar ninguém em detrimento de um sonho nosso.

As peças da coleção são sustentáveis? Isso foi uma preocupação vossa tendo em conta os problemas ambientais?

É engraçado estar numa jornada que, tecnicamente falando, não tem fim. Não é como se chegássemos a um ponto final e "booommm!", somos sustentáveis. Mas estamos a trabalhar com o objetivo de reduzir o nosso impacto no ambiente o máximo possível e prestar atenção aos pequenos detalhes, traduz-se em grandes diferenças. Neste sentido, trabalhamos apenas com fibras naturais e ecológicas ou com tecidos reciclados. Os tecidos de fibras naturais decompõem-se mais rapidamente que os tecidos sintéticos e requerem substancialmente menos água para serem produzidos. As nossas coleções são projetadas em lotes pequenos, não só para oferecermos roupas exclusivas, como para garantirmos o mínimo desperdício. Também as embalagens de envio dos produtos são feitas com materiais recicláveis e completamente livres de plástico. Utilizamos materiais inovadores como a cana-de-açúcar para a pega da caixa, por exemplo.

A história de amor de Raquel e Miguel que deu origem à Mirah Studio

Relação qualidade/preço das peças?

Os preços das peças variam entre os 35€ e os 160€. Atendendo à qualidade dos tecidos usados, aos detalhes e complexidade do design das peças, ao facto de serem desenvolvidas de forma ética em Portugal, acreditamos serem preços muito razoáveis. Trabalhamos com margens inferiores à média precisamente para conseguirmos oferecer peças de qualidade a um preço acessível.

Como conseguiram lançar tudo tendo em conta o panorama atual?

Durante todo o processo surgiram vários imprevistos, o surto do Covid-19 trouxe-nos mais alguns contratempos. Conseguimos lançar esta primeira coleção com alguns atrasos e vimo-nos forçados a cancelar o lançamento da nossa segunda coleção.

Como foi lidar com o processo do fabrico durante a pandemia?

Nós já tínhamos começado grande parte da produção antes do surto, mas mesmo assim a fase final foi extremamente stressante e desgastante. Todos os dias recebíamos telefonemas desmotivadores e todos os dias tínhamos um novo problema a resolver. Sem dúvida alguma que aprendemos muito durante este processo. Tivemos inclusivamente que alterar o material da caixa de envio (inicialmente a pega iria ser num tecido reciclado e quando nos deram a indicação que não iriam conseguir no prazo estipulado, tivemos que procurar outra alternativa ecológica e foi quando surgiu a ideia de usar a cana de açúcar).

Qual o motivo de lançarem a coleção nesta altura e se sentem receio de o fazer?

O lançamento já estava previsto ser nesta altura há muitos meses. Inclusivamente íamos fazer uma viagem com vários influenciadores nacionais e internacionais à Capadócia e tivemos que cancelar viagens, hotel, fotógrafos e videógrafos… Se temos receio? Muito… Foi uma decisão complicada, porque ninguém sabe quanto tempo esta pandemia vai durar. Mais um, dois, três meses… quem sabe mais ainda! Sendo uma coleção de primavera/verão não podíamos adiar muito mais. Por outro lado, a nossa marca vai ter sempre um cariz social associado. A cada lançamento parte das receitas geradas vão ser doadas a instituições e organizações diferentes. Dado o panorama atual, decidimos que a prioridade seria apoiarmos os hospitais portugueses como já temos vindo a fazer com outros projetos nossos e, por cada encomenda realizada na Mirah Studio, iremos doar 10€. Pode não ser a melhor altura para um lançamento de sucesso, mas já nos sentimos realizados por sabermos que estamos a fazer tudo ao nosso alcance para ajudarmos quem mais precisa.

Como se estão a reinventar agora que têm de ficar em casa?

Temos tentado sensibilizar as pessoas para o que se está a passar e começámos por desafiar e incentivar as pessoas a espalhar a mensagem de “fica em casa” recriando uma fotografia nossa. Pedimos às pessoas que adaptassem a mensagem à língua materna delas para que conseguíssemos chegar a todas as partes do mundo. Esta nossa campanha teve uma adesão incrível, recebemos centenas de fotos de Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Polónia, República Checa, Hungria, Luxemburgo, Roménia, Holanda, Croácia, Bélgica, Índia, Egito, Jordânia, Singapura, Indonésia, Brasil, Rússia, Tailândia, Irlanda, Estónia, Sérvia, Ucrânia, Mongólia, Letónia, China, Lituânia, Tunísia, África do Sul, Iraque, Israel, Estados Unidos, Peru, Colombia, Japão, Turquia. Temos aproveitado ainda para darmos algumas dicas nas nossas histórias de fotografia e edição, partilhar algumas receitas, exercícios, filmes e séries para ajudar as pessoas a ocuparem da melhor maneira possível o seu tempo em casa.

Qual o primeiro destino quando puderem voltar a viajar?

Não conseguimos responder a esta pergunta, vai depender de quando isto acabar visto que também organizamos as nossas viagens tendo em conta as condições climatéricas em cada região. Mas primeiro vamos aproveitar para viajar em Portugal.

Veja mais imagens da coleção, que está à venda no site da marca em www.mirahstudio.com