Para a Semana da Moda virtual, a diretora artística da Dior, Maria Grazia Chiuri, aliou-se à artista italiana Silvia Giambrone e à coreógrafa israelita Sharon Eyal na reinterpretação deste famoso espaço, símbolo do patriarcado inaugurado pelo rei Luís XIV.

Bailarinos e modelos interagiam com uma estrutura artística de resina, cera e acácia que cobria os imponentes espelhos do palácio, localizado nos arredores de Paris.

"Nos contos de fadas, o espelho é importante para as mulheres, é tanto uma fonte de atração quanto de repulsa", disse Chiuri à Agência France-Presse (AFP).

“Se queremos construir uma identidade própria, não devemos olhar para ela”, acrescentou a estilista italiana, uma das figuras feministas mais influentes da moda.

O vídeo da coleção para o próximo outono-inverno lembra o filme "A bela e o Monstro", de Jean Cocteau, com a poesia sombria, tão bela quanto angustiante.

Com a COVID-19, "o tempo ficou suspenso", explica Chiuri. “É a época das histórias, com florestas encantadas que não vão recuperar as suas cores até que a vida renasça".

A pandemia foi um duro golpe para as semanas da moda, privando as empresas do glamour e da visibilidade que costumam ter nas passerelles.

As marcas de luxo agora devem contentar-se com apresentações virtuais sem público e dar “amostras de imaginação para despertar desejo” e “esperança”, segundo o diretor artístico.

A coleção é rica em golas brancas e babetes bordados, evocando o mundo da infância.

Os vestidos de noite, longos e esvoaçantes, com tules sobrepostos, remetem ao mundo da vida social e às cerimónias de tapete vermelho interrompidas pelo coronavírus.

A paleta de cores varia entre o cinza e o vermelho. Do lado de fora do palácio, uma princesa punk caminhava com botas e meias embutidas. Outra usava um vestido de tule bordado com rosas com um efeito rasgado, como se estivesse ferida.