Uma equipa de investigadores da Universidade de Bona realizou um estudo sobre os doentes registados em Gangelt, uma cidade de cerca de 11.000 habitantes, localizada no distrito de Heinsberg, um dos principais focos da infeção na Alemanha.

O estudo, com base em entrevistas e análises de 919 pessoas, de 405 domicílios, permite determinar com precisão a taxa de letalidade da infeção.

Em Gangelt, cerca de 15% da população foi contaminada e a taxa de mortalidade entre esses pacientes foi de 0,37%.

Qualquer pessoa que esteja em boas condições de saúde pode ser portadora do vírus sem sabê-lo

"Se extrapolarmos esse número para as quase 6.700 mortes associadas à COVID-19 na Alemanha, o número total de pessoas infetadas seria estimado em cerca de 1,8 milhões", segundo o estudo, ou seja, um número "10 vezes maior que o total" de casos oficialmente notificados.

"Em Gangelt, 22% das pessoas infectadas não apresentavam sintomas", revela o estudo.

"O facto de aparentemente uma infeção em cada cinco ocorrer sem sintomas visíveis da doença sugere que as pessoas infetadas, que segregam o vírus e, portanto, podem infetar outras pessoas, não podem ser identificadas com base em sintomas reconhecíveis da doença", diz o professor Martin Exner, co-autor do estudo.

Esse aspeto confirma, segundo ele, a importância das regras gerais de distanciamento social e higiene.

"Qualquer pessoa que esteja em boas condições de saúde pode ser portadora do vírus sem sabê-lo. Precisamos de estar cientes disso e agir em conformidade", aconselha o cientistas, quando a Alemanha começa um desconfinamento progressivo.

O estudo também afirma que as infeções dentro de uma mesma família são bastante baixas e que, de maneira geral, a taxa de infeção parece "muito semelhante entre crianças, adultos e idosos, e aparentemente não depende da idade" nem do sexo.