O Centro Hospitalar do Oeste (CHO) realizou, em 2020, um total de 130.519 consultas externas, o que configura “uma redução de 10,7%” em relação ao ano anterior, informou o Conselho de Administração (CA), numa resposta enviada à agência Lusa.

A redução de 15.648 consultas, face ao ano de 2019, teve por base a suspensão da atividade programada, entre o dia 13 de março e o dia 03 de maio e, após a retoma, as limitações decorrentes das “exigências de controlo da pandemia, que impõem a limpeza regular dos espaços e limitações nas concentrações de pessoas”, explicou o CHO, acrescentando que, por outro lado, “muitos doentes, por receio do meio hospitalar, recusaram consultas e cirurgias”.

As reduções mais significativas registaram-se nas consultas das especialidades de Cirurgia Geral, Ortopedia, Medicina Interna, Fisiatria e Oftalmologia.

Em contrapartida, verificou-se “um ligeiro aumento” nas consultas de Otorrino, Obstetrícia, Imunoalgergologia, Pneumologia, Medicina Paliativa, Infeciologia e Psiquiatria.

Foram ainda efetuadas “inúmeras teleconsultas e consultas sem a presença do doente, que minimizaram o impacto da quebra de atividade na consulta externa”, sublinhou o CHO, ressalvando, no entanto, que este modelo de realização de consultas “não é viável em todas as especialidades e situações clínicas”.

Visando minimizar o impacto da redução de atividade em consulta externa, o centro hospitalar pretende ainda, em breve, “contratar com uma entidade externa a realização de consultas, em especialidades com lista de espera crítica”.

No centro hospitalar que integra os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, apesar da crise pandémica foram sempre mantidas as cirurgias de urgência, de emergência e oncológicas, assegurou a administração.

Já no que respeita às intervenções cirúrgicas programadas, em 2020 realizaram-se 3.656 intervenções, menos 1.548 do que em 2019, assinalando-se, no entanto, uma exceção em relação à especialidade de Otorrino, que realizou mais 101 intervenções cirúrgicas programadas em 2020 do que no ano anterior.

A atividade cirúrgica foi “afetada pela necessidade de afetação de espaços aos doentes covid-19”, uma vez que o CHO “dispõe de dois blocos operatórios em locais dispersos”, e, segundo o CA, foi necessário “afetar uma sala de bloco operatório em cada um deles” para cirurgias a doentes infetados.

Um fator que impediu a utilização daquelas salas para outros fins, “inviabilizado assim 25% da disponibilidade de salas de bloco operatório”.

A atividade cirúrgica não urgente foi ainda limitada pela afetação de recursos humanos às necessidades das áreas covid-19, clarificou o CA, acrescentando que no sentido de minimizar esses impactos o CHO “recorreu em 2020 à contratação externa de cirurgias”, num processo estendido já este ano, abrangendo atualmente o aluguer de salas de bloco operatório em entidades externas, onde os doentes serão intervencionados por equipas médicas dos três hospitais.

Em resposta à Lusa, o CHO informou ainda estar a avaliar a possibilidade da retoma da atividade assistencial, que “terá de ocorrer de forma gradual e de acordo com a disponibilidade dos recursos humanos atualmente alocados ao tratamento de doentes covid-19”.

Nesse sentido, têm estado nos últimos dias a decorrer as obras de instalação de uma nova unidade modular (contentor prefabricado) na Unidade de Torres Vedras, com o objetivo de reforçar a capacidade de resposta em termos de consultas externas das várias especialidades, e de melhorar as condições de espera dos utentes.

A diminuição do número de consultas programadas realizadas durante o ano de 2020 levou os deputados do PSD eleitos pelo círculo eleitoral de Leiria a manifestar “preocupação”, depois de na segunda-feira terem reunido com a administração do CHO, num encontro em que foi feito um balanço da atividade hospitalar.

Em comunicado, os deputados sublinharam a diminuição das consultas e cirurgias realizadas em 2020 e admitiram estar preocupados com “o facto de existir ainda um elevado número de profissionais de saúde por vacinar”.

Em meados de janeiro, com o aumento de casos de infeção de covid-19 na região, resultante sobretudo de surtos em lares da região, o CHO aumentou para 142 as camas nas enfermarias dedicadas à covid-19, número que não chegou a ser suficiente e obrigou a transferir doentes para outros hospitais.

Face à diminuição do número de caso ativos foram desativadas 34 camas de internamento covid-19 em todo o Centro Hospitalar, 13 das quais na Unidade das Caldas da Rainha e 21 na Unidade de Torres Vedras.

Foram mantidas 108 camas de internamento destinadas aos doentes infetados, registando-se atualmente uma taxa de ocupação de cerca de 70%.

No âmbito de uma portaria publicada no início do mês, que estabelece mecanismos excecionais de gestão de profissionais de saúde para realização de atividade assistencial, no âmbito da pandemia, foi ainda possível “aumentar o número de horas de trabalho disponíveis dos profissionais já existentes, com a majoração da remuneração do trabalho extra e a reativação do regime de horários acrescidos”, referiu ainda o CA.

O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, tendo uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra. Estes concelhos dividem-se entre os distritos de Lisboa e Leiria.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.486.116 mortos no mundo, resultantes de mais de 112 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.136 pessoas dos 800.586 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.