Ezra Clark tinha 4 anos, em fevereiro de 2016, quando foi diagnosticado com linfoma de Burkitt, uma leucemia particularmente agressiva que pode atingir vários órgãos.

De acordo com a ação movida pela sua mãe, Destiny Clark, o menino foi "exposto diretamente", várias vezes, ao herbicida Roundup quando o produto da Monsanto foi usado na propriedade da família.

No entanto, o júri do julgamento - iniciado em setembro - não considerou que um vínculo de causalidade entre o Roundup e a doença da criança tenha sido estabelecido.

“O veredicto do júri (...) está de acordo com a avaliação das autoridades competentes em todo o mundo e com as evidências científicas recolhidas ao longo de quatro décadas”, diz uma nota do grupo alemão Bayer.

Desde a compra da Monsanto em 2018, a Bayer enfrenta uma série de ações judiciais nos Estados Unidos devido ao herbicida Roundup. A tal ponto que o grupo alemão anunciou que fornecerá um valor adicional de 4,5 mil milhões de dólares para fazer frente às possíveis consequências de ações judiciais relacionadas com o glifosato nos tribunais norte-americanos.

Os advogados de Destiny Clark e o seu filho informaram à AFP que estão a estudar a hipótese de recorrer da decisão da justiça.

"Este é um caso muito raro. O júri só tinha que dizer se considerava ou não que a exposição da criança ao Roundup causou cancro. Nenhuma evidência sobre a conduta da Monsanto foi admitida", disseram.

A Bayer assinou um acordo abrangente de mais de 10 mil milhões de dólares em 2020 para encerrar cerca de 125.000 ações judiciais. Mas um juiz americano em maio rejeitou parte desse plano.

O Roundup é classificado como "possivelmente cancerígeno" pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre o Cancro, um braço da Organização Mundial da Saúde. A Bayer refuta essa caracterização.