Dia 1 de agosto pode ser o início das férias de muitos portugueses, mas é também o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, doença que representa a primeira causa de morte em Portugal por tumores. É neste sentido que um conjunto de entidades se associaram para lançar a campanha “O cancro do pulmão não tira férias”, porque é essencial estar atento aos sintomas e não descurar a saúde, mesmo em tempo de descanso.

A qualquer momento, deverá estar atento a sinais de alarme, como tosse persistente, expectoração com sangue, falta de ar, dor no peito, ombro e/ou costas. Estes são sintomas comuns ao cancro do pulmão e se tiver algum deles deverá procurar aconselhamento médico o mais breve possível.

Na verdade, muitos dos casos de cancro do pulmão são diagnosticados numa fase tardia, não só porque esta doença pode desenvolver-se de forma silenciosa, mas também porque o doente tende a desvalorizar estes sintomas.

Riscos do diagnóstico tardio

O diagnóstico precoce do cancro do pulmão é fundamental para um melhor prognóstico e tratamento mais adequado. Isto não acontece num diagnóstico tardio, fase em que os doentes já apresentam uma deterioração do seu estado geral, o que muitas vezes condiciona a possibilidade de um tratamento adequado dada a exigência dos tratamentos locais, como a radioterapia, ou sistémicos, como a quimioterapia, imunoterapia ou as chamadas terapêuticas-alvo.

Adicionalmente, e se for o seu caso, deverá deixar de fumar. O tabagismo continua a ser a principal causa para o aparecimento do cancro do pulmão. Apesar das inúmeras campanhas de sensibilização, cerca de 15% da população portuguesa é fumadora. Se precisar de ajuda, saiba que existem consultas de cessação tabágica que poderão ajudar neste processo.

A tudo isto deve associar igualmente a adoção de outros hábitos saudáveis, como a prática regular de exercício físico e uma alimentação diversificada e não calórica.

Via verde do pulmão

O cancro do pulmão é um enorme e multifacetado desafio, desde a sua prevenção, que envolve principalmente a luta contra o tabagismo, até ao diagnóstico precoce.

Sobre este último aspeto, para além de neste momento estarem a ser equacionados e desenhados programas de rastreio, que permitam a deteção da doença em indivíduos assintomáticos, torna-se urgente a implementação de vias verdes de cancro do pulmão, cujo objetivo passa por encurtar os tempos entre a primeira consulta e o início dos tratamentos.

Um artigo do médico António Morais, Presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.