O governo não deu uma resposta clara sobre o seu paradeiro, mas tenta conter os rumores com prisões arbitrárias. O próprio silêncio de Magufuli é revelador, segundo os analistas entrevistados pela AFP.

"Independentemente do que esteja a acpontecer, está claro que o governo está a tentar ganhar tempo", explica Nic Cheeseman, professor de democracia na Universidade de Birmingham e especialista na região. "Prolongar a espera só tem sentido se o Presidente estiver muito doente, incapacitado, ou morto".

Em fevereiro, a Tanzânia, que alegava estar livre da COVID-19, graças às orações, vivenciou uma onda de mortes atribuídas oficialmente à pneumonia.

No dia 19 desse mês, no funeral do chefe da administração pública John Kijazi, cuja causa da morte não foi informada, Magufuli admitiu a presença de uma "doença respiratória" no território.

No dia 24, o ministro da Economia Philip Mpango, que tossia e respirava com dificuldade, foi obrigado a desmentir em conferência de imprensa os rumores de que Kijazi teria morrido de COVID-19.

Magufuli apareceu pela última vez em público a 27 de fevereiro. Desde então, o devoto católico faltou à missa três vezes.

presidente da Tanzânia, John Magufuli
John Magufuli, Presidente da Tanzânia créditos: AFP

Há uma semana, o líder da oposição Tundu Lissu, exilado na Bélgica, uniu-se a outras autoridades para questionar a ausência do Presidente, afirmando a presença de uma forma severa de coronavírus, agravada por problemas de saúde.

Na segunda-feira, Lissu disse no Twitter que, segundo fontes da comunidade de Inteligência, o presidente "está com COVID-19, usa suporte de vida e está paralisado de um lado da cintura para baixo".

Um dos boatos é que Magufuli está num hospital no Quénia, ou na Índia, enquanto outros dizem que permanece na Tanzânia.

Os jornais quenianos informaram que um "líder africano" está a ser tratado num hospital de Nairóbi, mas fontes oficiais negaram a presença de Magufuli.

Vários hospitais indianos entrevistados pela AFP também negaram a presença do Presidente no hospital. O Ministério das Relações Exteriores não respondeu aos pedidos de comentários.

O governo da Tanzânia mostr-se evasivo, mas prometeu penas de prisão para quem espalhar boatos sobre a saúde do Presidente. Até agora, três pessoas foram detidas: uma em Dar-es-Salaam e duas na região do norte de Kilimanjaro.

Na segunda-feira, a vice-presidente Samia Suluhu Hassan disse que "p nosso país está agora repleto de rumores procedentes do estrangeiro, mas é preciso ignorá-los. É bastante normal que alguém tenha gripe, febre, ou alguma outra doença", comentou.

Seja qual for a verdade, os tanzanianos estão ansiosos para ver novamente o seu líder, que foi reeleito para um segundo mandato em outubro.