"Caso a sua eficácia seja demonstrada no estudo clínico, cujos resultados são esperados nas próximas semanas, o nosso soro tem a vantagem de não requerer doadores e pode ser produzido em grandes quantidades e ser administrado a cada paciente numa concentração conhecida de anticorpos", afirmou Fernando Goldbaum, diretor da empresa de biotecnologia Inmunova.

A fase de avaliação clínica conta com a participação voluntária de 242 pacientes e tem o término previsto para outubro. "Hoje, temos concluído quase 60% do estudo clínico", informou Goldbaum, que também dirige um centro científico da Universidade de San Martín e o Laboratório de Imunologia e Microbiologia Molecular da Fundação Instituto Leloir.

A Argentina regista mais de 577.000 casos do novo coronavírus, com quase 12.000 mortes, uma taxa de mortalidade que, no entanto, não está entre as maiores para a região.

COVID-19 é inofensiva para cavalos

A experiÊncia "é baseada em anticorpos policlonais equinos, obtidos pela injeção de uma proteína recombinante do SARS-CoV-2 nestes animais, inofensiva para eles, o que os leva a produzir uma grande quantidade de anticorpos neutralizantes", explicou a assessora de imprensa Silvina Berta.

A fase 2/3 do estudo avalia a segurança e eficácia do soro em pacientes adultos com doença moderada a grave, dentro de dez dias do início dos sintomas e precisando de hospitalização.

Após a extração do plasma (de cavalos), processo semelhante ao usado quando é extraído de pessoas, "os anticorpos são purificados e processados, através de um processo biotecnológico", segundo os cientistas.

"Testes de laboratório in vitro mostraram a capacidade de neutralizar o vírus, com uma potência cerca de 50 vezes maior do que a média do plasma convalescente", acrescentou a Inmunova.

Os resultados dos testes foram publicados na revista especializada "Medicina".

"O laboratório, paralelamente ao resultado final, começou a produzir o soro, para disponibilizá-lo rapidamente caso se mostre eficaz e seja autorizado", acrescentou fonte do projeto.

Na semana passada, a Costa Rica começou a testar um tratamento semelhante em humanos, do qual se espera obter os primeiros resultados em algumas semanas, de acordo com as autoridades.

No Brasil, o Instituto Vital Brazil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão a preparar-se também para iniciar um ensaio com plasma equino em pacientes com covid-19.