No âmbito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala a 8 de março, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) lembra que a diabetes tem manifestações muito particulares nas mulheres e deixa três conselhos fundamentais.

1. Cuide do seu coração

A diabetes aumenta o risco cardiovascular quatro vezes mais nas mulheres e por sua vez estas têm uma recuperação mais difícil após um enfarte. O risco de desenvolver complicações da diabetes como cegueira, doença renal e depressão também é maior nas mulheres.

2. A saúde do aparelho reprodutor deve ser monitorizada em todas as idades

Na mulher com diabetes os cuidados devem começar na preconceção, em que o objetivo é modificar hábitos e identificar alterações que podem ser tratadas ou equilibradas antes do início da gestação. Referindo que as primeiras semanas de desenvolvimento embrionário são exatamente as mais sensíveis aos efeitos de agentes externos e, quanto mais elevada a glicémia, maior o risco de malformações (que pode chegar a ser 10-15 vezes superior ao risco da população em geral).

Lisa Ferreira Vicente, ginecologista-obstetra, responsável pela Consulta de Saúde Reprodutiva na APDP explica que “a diabetes é uma, entre outras doenças crónicas, em que a estabilização da situação médica é essencial. Neste sentido, antes de se parar a contraceção, é necessário realizar determinados exames, garantir o controlo metabólico, avaliar as complicações crónicas da diabetes, e, nas mulheres que fazem terapêutica, ela deve ser modificada , quando necessário, para que seja adequada à gravidez”.

3. Redobre os cuidados na gravidez

Os riscos e consequências que decorrem de uma gravidez numa mulher com diabetes mellitus estão relacionadas com a existência, tipo e gravidade das complicações crónicas pré-existentes. E, em situações mais graves, a gravidez pode constituir um sério risco para a saúde da mulher (a curto ou médio prazo).

“O processo de preparação para uma gravidez na mulher com diabetes é exigente, com um acompanhamento de várias especialidades, afinal, além dos riscos de complicações fetais, estamos perante um maior risco de ameaça de parto pré-termo, de hipertensão (e das sua complicações) e de infeções – cistite, pielonefrite e candidíase vulvo-vaginal. Mas, mais do que a equipa multidisciplinar envolvida, não nos podemos esquecer que o principal interveniente é a própria mulher e ela tem de ser o membro mais ativo desta equipa” destaca Lisa Ferreira.

A APDP reforça ainda o papel da mulher na gestão da diabetes enquanto cuidadora. Afinal, apoiar quem vive com diabetes requer, muitas vezes, uma atenção ininterrupta. A associação reforça que cuidar é uma atividade multifacetada que engloba dimensões relacionais, emocionais e terapêuticas.

Além disso, acarreta um enorme desafio: na dupla perspetiva de trabalho emocional, trabalho de organização e gestão de atividades diárias.