Uma teia de crimes, segredos e vinganças

“Rio do Esquecimento”

Isabel Rio Novo

“Rio do Esquecimento” (Publicações D. Quixote) descreve a sociedade portuense de Oitocentos. No inverno de 1864, sentindo a morte a aproximar-se, Miguel Augusto regressa do Brasil, onde enriqueceu, pretendendo perfilhar Teresa Baldaia e torná-la sua herdeira. No mesmo ano, Nicolau Sommersen pensa em fazer um bom casamento, não só para recuperar o património familiar que o tempo foi esfarelando, mas sobretudo para fugir à paixão que sente por Maria Adelaide Clarange, senhora casada e mãe de três filhos. Maria Ema Antunes, prima de Nicolau e governanta da Casa das Camélias, hábil e amargurada com a sua vida, urdirá entre todos uma teia de crimes, segredos e vinganças.
Isabel Rio Novo nasceu e cresceu no Porto. Entre outros, é autora da narrativa fantástica “O Diabo Tranquilo”, “A Caridade” (Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes), “Histórias com Santos”, “A Febre das Almas Sensíveis” (finalista do Prémio LeYa).

rio do esquecimento

 A história de uma menina despenteada que um dia aterrou em Lisboa

“Esse cabelo”

Djaimilia Pereira de Almeida

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O que se passa por dentro das cabeças é mais importante do que o que se passa por fora? Falar de cabelos é sempre uma futilidade? Não necessariamente. Para Djaimilia Pereira “escrever parece-se com pentear uma cabeleira em descanso num busto de esferovite” e visitar salões é uma boa forma de conhecer países, de aprender a distinguir modos e feições e até de detetar preconceitos.

Esta é a história de uma menina que aterrou despenteada aos três anos em Lisboa, vinda de Luanda, e das suas memórias privadas, mas é também a história das origens do seu cabelo crespo, cruzamento das vidas de um comerciante português no Congo, de um pescador albino de M’banza Kongo, de católicas anciãs de Seia, de cristãos-novos maçons de Castelo Branco - uma família que descreveu o caminho entre Portugal e Angola ao longo de quatro gerações com um à-vontade de passageiro frequente.

Djaimilia Pereira nasceu em Luanda em 1982. Vencedora do Prémio Novos 2016 - categoria Literatura, estreou-se no romance em 2015 com “Esse Cabelo” (Editorial Teorema). Tem ainda publicados, entre outros, os títulos “A visão das plantas”, “Pintado com o pé”.

Esse cabelo

 Quando um homem que defende o esquecimento procura a sua biografia

“Na Memória dos Rouxinóis”

Filipa Martins

Jorge Rousinol é um matemático galego, que sempre defendeu o esquecimento como o melhor veículo para a tomada de decisões acertadas. No final da vida encomenda uma biografia sua a uma casa editora. Estranha decisão para quem nunca quis recordar. O biógrafo escolhido acaba por ser alguém com quem privara décadas antes e que se vê, ele próprio, enleado em memórias moribundas. Em "Na Memória dos Rouxinóis" (Quetzal Editores), biógrafo e biografado conseguirão, em parte, o que pretendem: não se trata de esquecer, mas sim de escrever uma confissão.

Filipa Martins, jornalista e escritora, recebeu o Prémio Revelação, em 2004, na categoria de ficção, pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), pelo seu livro “Elogio do Passeio Público”. Tem publicados, entre outros livros, “Quanta Terra”, “Mustang Branco”. “Na Memória dos Rouxinóis”, venceu o Prémio Literário Manuel Boaventura 2019.

na memoria

 Viagem às memórias da vida em comum de dois irmãos

“O meu irmão”

Afonso Reis Cabral

Com a morte dos pais, é preciso decidir com quem fica Miguel, o filho de 40 anos que nasceu com síndrome de Down. O irmão, 41 anos, professor universitário divorciado e misantropo, surpreende a família, chamando a si a grande responsabilidade. A chegada de Miguel à casa de família numa aldeia isolada do interior de Portugal, traz problemas inesperados - e o maior de todos chama-se Luciana. O leitor assiste à rememoração da vida em comum destes dois irmãos, incluindo o estranho episódio que ameaçou de forma dramática o seu relacionamento.

Afonso Reis Cabral nasceu em 1990. Aos 15 anos publicou o livro de poesia “Condensação” e o romance “Pão de Açúcar”. É licenciado em Estudos Portugueses e Lusófonos, fez mestrado na mesma área e tem uma pós-graduação em Escrita de Ficção. “O Meu Irmão” (Leya) venceu o Prémio LeYa 2014.

o mue irmão

 Uma ilha com criaturas singulares, um homem que anseia pela solidão

“O luto de Elias Gro” 

João Tordo

Numa pequena ilha perdida no Atlântico, um homem procura a solidão e o esquecimento, mas acaba por encontrar muito mais. A ilha alberga criaturas singulares: um padre sonhador, de nome Elias Gro; uma menina de 11 anos perita em anatomia; Alma, uma senhora com um coração maior do que a ilha; Norbert, um velho louco que tem por hábito vaguear na noite; e o fantasma de um escritor, cuja casa foi engolida pelo mar.

O narrador, lacerado pelo passado, luta com os seus demónios no local que escolheu para se isolar: um farol abandonado, à mercê dos caprichos da natureza - e dos outros habitantes da ilha. O homem vai, passo a passo, emergindo do seu esconderijo, fazendo o seu luto, e descobrindo, numa travessia de alegria e dor, a medida certa do amor.

“O luto de Elias Gro” (Companhia das Letras) é um romance de João Tordo, autor nascido em Lisboa em 1975, vencedor do Prémio Literário José Saramago 2009 com “As Três Vidas”.

o luto de elias gro

Em Sagres brota de uma brecha um homem misterioso

“A brecha”

João Pedro Porto

Em noite de exagerado temporal, um misterioso homem encoberto brota do chão de Sagres. Desmemoriado e desnorteado segue pela costa vicentina. Um outro, aborrecido com a banalidade do seu tempo, decide entrar pela brecha que rompe pela parede do quarto, esperando recuperar coisas esquecidas, como a exploração, a descoberta e até mesmo a conquista. Haverá um vínculo crescentemente claro entre os heróis. Pela brecha viver-se-á uma epopeia, do lugar em que dois mares se suturam até à cidade que deu a ruína e um mito fadado a Portugal.

João Pedro Porto nasceu nos Açores, em 1984. “A brecha” (Quetzal Editores) é o seu quarto romance, tendo publicado “O rochedo que chorou”, “O 2egundo M1nuto” e “Porta azul para Macau”.

a brecha