Em 2023, segundo os dados do último Barómetro e-Shopper, os consumidores nacionais compraram mais online e especialmente nas categorias de moda, beleza, saúde e calçado. Os portugueses que fizeram compras com regularidade pela internet mostraram-se mais sensíveis ao preço face aos consumidores de outros países europeus. De igual modo, registou-se, a nível nacional, um aumento nas compras de produtos em segunda mão.

O que faz com que os e-shoppers portugueses tenham mais atenção ao preço quando compram online do que os outros europeus? E que tendências de compras online poderão marcar 2024? É o que Carla Pereira, diretora de marketing e comunicação da DPD Portugal, operadora de transporte expresso do grupo Geopost, procurou responder ao SAPO Lifestyle.

Carla Pereira:
créditos: Hannes Edinger por Pixabay

Algumas das conclusões do Barómetro e-Shopper 2023 mostram que o “preço” e a “poupança” são dois dos grandes motivos que levam os portugueses a comprar online. São estas as grandes vantagens de comprar online? Que outras vantagens é que existem para além destas?

Sem dúvida que o preço e o fator poupança são dois dos grandes critérios que motivam os portugueses a comprar online. Atualmente, há uma maior consciencialização para o tema da poupança e para a procura de compras mais vantajosas e com preços mais competitivos, realidade que se torna mais evidente, sobretudo quando a conjuntura económica impacta mais a carteira das famílias, como a inflação.

De acordo com o Barómetro e-Shopper 2023, vemos que 79% dos e-shoppers regulares portugueses procuram sempre nas suas compras online aquilo que consideram ser “um bom negócio” e 50% aproveitam eventos (online ou em loja) que tenham grandes descontos. Temos por exemplo a Black Friday, os saldos sazonais ou outro tipo de campanhas promocionais que lhes permitem fazer compras mais vantajosas em termos monetários.

Além do preço e do fator poupança, a comodidade e a tranquilidade de comprar online (em comparação com a ida à loja física) é também destacado pelos inquiridos: vemos, por exemplo, 70% dos e-shoppers regulares portugueses a destacar que comprar online reduz bastante o stress de comprar nas lojas; e 83% a indicar que o e-commerce lhes poupa tempo.

Os portugueses compraram mais online nas categorias de moda, beleza e calçado. Sendo áreas que muitas vezes gostamos de experimentar/testar antes de comprar, o que pode justificar esta tendência?

Desde a pandemia que temos assistido ao surgimento de um fenómeno de interação híbrida entre os consumidores e as marcas, onde vemos cada vez mais portugueses a comprar online – sendo hoje 71% da população – mas que não deixam de se deslocar até ao ponto físico para experimentar o produto – nas categorias de moda, beleza e calçado é um comportamento bastante frequente. Segundo o Barómetro e-Shopper 2023, 62% dos e-shoppers regulares portugueses chegam mesmo a revelar que comprar online é tão conveniente que o fazem cada vez mais, mesmo que por vezes tenham de devolver o artigo.

Os portugueses procuram sempre nas suas compras online aquilo que consideram ser "um bom negócio"

Ainda que exista uma percentagem estável de portugueses a vender e a comprar em plataformas C2C, a utilização é menor que na Europa. Tendo em conta que estas permitem poupar, acredita que o seu uso ainda vai crescer em Portugal? Porquê?

É, sem dúvida, uma tendência de futuro. Hoje, seis em cada 10 e-shoppers regulares portugueses utilizam plataformas C2C para comprar e vender artigos, uma tendência que tem vindo a crescer, na medida em que os portugueses estão mais conscientes das vantagens de uma economia circular. Os dados do Barómetro e-Shopper 2023, dão nota de que 65% dos e-shoppers regulares portugueses optam por comprar artigos em segunda mão porque lhes possibilita poupar dinheiro, havendo aqui quase uma relação de causa-efeito em que o fator poupança (e a sensibilidade ao preço) explica o crescimento desta tendência.  Para além disso, são cada vez mais os consumidores preocupados com o impacto ambiental dos produtos, das entregas e dos seus comportamentos de consumo, uma consciência que se espelha bem nos 42% de e-shoppers regulares portugueses que afirmam comprar em plataformas C2C como forma de apoiar uma economia responsável.

Quais acha que serão as tendências das compras online a marcar 2024?

Acreditamos que 2024 ficará marcado por uma evolução sustentável das tendências verificadas em 2023. Continuaremos a assistir a uma estabilização do número de e-shoppers e do número de compras efetuadas, assim como a uma contínua preocupação dos e-shoppers portugueses com o preço e o fator poupança face ao contexto inflacionista, uma vez que são estes dois requisitos que mais ditam a preferência das compras online pelos portugueses.

Haverá, ainda, um crescimento pela procura, venda e compra de artigos online e por ofertas em segunda mão, tendência que tem vindo a consolidar-se junto dos consumidores portugueses, e que será acompanhada pela crescente democratização de novas plataformas C2C e da utilização de redes sociais (omo o Facebook, Instagram e TikTok) como canais de compra e venda de artigos usados.

Do lado das entregas, vamos continuar a verificar um crescimento gradual das entregas Out-of-Home, assim como da oferta de infraestrutura neste segmento, para o qual a DPD irá continuar a apostar. Hoje, dispomos já de uma rede Out-of-Home,  a rede Pickup que nos possibilita ter mais de 90% da população a menos de 15 minutos de um ponto de entrega, com um total de cerca de 300 lockers e 1100 lojas de Norte a Sul de Portugal, um valor que queremos aumentar nos próximos anos.

Haverá, ainda, um crescimento pela procura pela venda e compra de artigos online e por ofertas em segunda mão

 Que cuidados sugere aos portugueses que compram ou vão começar a comprar online?

Não posso deixar de mencionar a importância de comprarmos com toda a segurança. Um dos primeiros cuidados passa por escolhermos comprar apenas em lojas/plataformas de confiança, utilizando dispositivos e redes seguras. Ao mesmo tempo, é fundamental escolhermos métodos de pagamento seguros. Hoje em dia, por exemplo, as apps bancárias já permitem criar cartões virtuais para utilizarmos numa compra específica.

Já se for uma compra em segunda mão, os cuidados devem ser redobrados. Especial atenção às plataformas onde compramos artigos usados e respetivo regulamento. Outra dica útil é consultar sempre as avaliações e reviews dos produtos e dos próprios vendedores. No fundo, comprar online sim, mas sempre com consciência.