
Num país onde mais de 30 mil queixas por violência doméstica são apresentadas todos os anos — e onde 62% dos inquéritos acabam arquivados — a prevenção precoce torna-se não apenas desejável, mas essencial. É neste contexto que o programa “Abuso Não é Amor”, promovido pela YSL Beauty em parceria com a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), tem vindo a ganhar expressão junto das novas gerações.
No primeiro semestre de 2025, a iniciativa levou sessões de sensibilização a 3.247 jovens portugueses, em escolas e instituições por todo o país. O objetivo é claro: educar os mais novos a reconhecer sinais de abuso em relações íntimas, promover relações saudáveis e prevenir comportamentos de risco.
No total, foram realizadas 108 sessões de formação. A região Norte destacou-se com 37 sessões (34% do total), envolvendo 1.523 alunos. Lisboa e Vale do Tejo seguiram-se com 34 formações (31,5%) e 1.047 participantes. No Algarve, realizaram-se 23 ações (21,3%), e o Alentejo e Centro completaram o mapa com 14 sessões que impactaram 301 alunos.
Este tipo de intervenção ganha um peso especial face ao retrato da violência doméstica em Portugal. Segundo dados da APAV, em 2024 foram apoiadas 16.630 vítimas de crime, das quais 76% foram vítimas de violência doméstica. A PSP e a GNR registaram 30.086 denúncias no mesmo ano, um número que se mantém praticamente em relação a 2023.
No entanto, os números da justiça continuam a preocupar. Dos 37.592 inquéritos por violência doméstica concluídos em 2024, 62,5% foram arquivados e apenas 13,9% resultaram em acusação. A taxa de condenações ronda os 13%, praticamente inalterada ao longo da última década, num contexto em que 29% das vítimas demoram entre dois e seis anos a denunciar os abusos que sofreram. E mais de metade das pessoas apoiadas reportaram situações de vitimação continuada.
Neste cenário, a ação formativa da YSL Beauty ganha ainda mais relevância. “Acreditamos com convicção que o amor nunca deve ferir. É por isso que investimos ativamente na formação de jovens, em colaboração com especialistas locais, para desmistificar o abuso nas relações e capacitar uma geração a identificar os sinais a tempo”, afirmou Stephan BEZY, Diretor-Geral Internacional da marca em comunicado. “A verdadeira vitória são os jovens que, graças ao programa, conseguem hoje reconhecer o que antes normalizavam”, acrescentou.
Desde 2021, mais de quatro mil jovens em Portugal participaram no programa. A estratégia educativa foca-se na intervenção precoce, atuando em contexto escolar, universitário e comunitário, sempre com apoio de técnicos especializados da APAV. A missão do projeto alinha-se com a responsabilidade social da L’Oréal Groupe: gerar impacto positivo na sociedade através da educação, da sensibilização e do apoio a comunidades vulneráveis.
A nível mundial, o programa “Abuse Is Not Love” foi lançado em 2020 e já alcançou mais de 1,3 milhões de pessoas em 25 países. Conta com o envolvimento de mais de 20 organizações parceiras especializadas, ações de grande escala e um investimento superior a 5,2 milhões de euros.
A violência no namoro, muitas vezes desvalorizada, representa, na realidade, uma das expressões mais comuns de violência contra as mulheres, afetando cerca de 736 milhões de raparigas e mulheres em todo o mundo. Em Portugal, em 2024, registaram-se 22 vítimas mortais em contexto de violência doméstica, das quais 19 eram mulheres.
Foi neste mesmo espírito de ação e denúncia que nasceu a campanha “Não lhe Chames Amor” — “Don’t Call It Love” — lançada em março de 2025. A campanha apresenta nove sinais de abuso no namoro que devem servir de alerta: ignorar, chantagear, humilhar, manipular, sentir ciúmes, controlar, violar a privacidade, isolar e intimidar. Num vídeo premiado em Cannes na categoria Brand Purpose, a campanha mostra uma relação aparentemente romântica — flores, Paris, olhares cúmplices — que rapidamente revela gestos de controlo e violência disfarçados de afeto. A pergunta final “Conseguiste identificar os sinais?” provocou milhões de visualizações e partilhas, gerando debate e reflexão.
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