Sendo atualmente uma tradição no nosso país, terá surgido apenas por volta de 1844, meados do século XIX, o costume de ornamentar a chamada árvore de Natal. Na sua origem, está o rei D. Fernando II, que a trouxe da sua Alemanha natal. Antigamente, nas aldeias, os pais iam com os filhos cortá-los à floresta. Se gosta de árvores naturais e abomina os pinheiros artificiais, sugerimos que recorra ao abeto-do-norte, ao azevinho, à gilbardeira ou ainda à maclura.

Abeto-do-norte

De nome científico Picea abies (L.) Karsten e conhecido como pícea-europeia, o abeto-do-norte é da família Pinacea. Esta árvore resinífera com folhagem persistente é originária do nordeste da Europa e do norte da Ásia. Pode atingir, facilmente, os 40 metros de altura. Caracteriza-se pela forma cónica e o seu ritidoma castanho avermelhado e descamável. O seu fruto é uma pinha, verde ou purpura em nova, com um tom castanho claro brilhante na maturação.

As variedades que quem gosta de árvores de Natal naturais deve privilegiar

Em Portugal, esta árvore é muito usada como ornamental e foi introduzida, com êxito, no norte, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, em 1888. Grande parte das florestas da Europa Central e da Europa do Norte é constituída por esta espécie. Principalmente nos países nórdicos, o abeto-do-norte é usado como árvore de Natal. Depois de cortado, é enfeitado com luzes e bolas coloridas. Em Portugal, a árvore de Natal que se costuma utilizar é do género Pinea.

Gilbardeira

Os cientistas batizaram-na Ruscus aculeatus L. mas a gilbardeira, também apelidada de azevinho-menor, é muitas vezes confundida com o azevinho tradicional. Da família Ruscaceae, este arbusto perene, que pode ter até um metro de altura, é caracterizado por um rizoma de onde brotam numerosos caules rígidos. Em Portugal, cresce praticamente por todo o país. Este arbusto apresenta folhas coriáceas lanceoladas e de tamanho reduzido muito distintivas.

As variedades que quem gosta de árvores de Natal naturais deve privilegiar

No centro da folhagem da gilbardeira, encontram-se as suas pequenas flores brancas. O seu fruto é uma baga de cor vermelha, com um tom ainda mais intenso quando madura. Esta planta é muito utilizada no Natal para arranjos natalícios, o que motivou o condicionamento legal da sua colheita para evitar abusos e más utilizações. Esta medida foi tomada pelas autoridades responsáveis para proteger esta variedade botânica de uma utilização abusiva e destruidora.

Laranjeira-da-virgínia

A Maclura pomifera (Raf.) Schneid. é conhecida como laranjeira-da-virgínia. Da família Moraceae, esta árvore de folha caduca, originária do centro-sul dos EUA, é muito apreciada como planta ornamental, principalmente pelo valor estético dos seus frutos grandes, não comestíveis, que parecem bolas de Natal. Com 10 a 15 centímetros de diâmetro, pode atingir uma altura até 20 metros e caracteriza-se pelo seu ritidoma fendido e com espinhos.

Azevinho 

Ilex aquifolium L. é o nome científico do azevinho, um dos símbolos tradicionais da quadra natalícia. Da família Aquifoliaceae, este arbusto ou árvore perene que pode atingir até 20 metros de altura. De crescimento lento, é originária da Europa Ocidental e da Europa Meridional e também do norte de África, mas já se cultiva na área da Ásia Ocidental que se estende até à China. Habita, sobretudo, em carvalhais e nas margens de cursos de água.

As variedades que quem gosta de árvores de Natal naturais deve privilegiar

Esta planta, muito frequente em jardins e em parques no território continental, é muito utilizada como ornamento natalício pelos seus frutos vermelhos e carnudos e pelas suas folhas coriáceas, duras, com recortes característicos. É uma espécie protegida por lei há mais de três décadas, de acordo com o Decreto-Lei n.º 423/1989, de 4 de dezembro. Tenha em conta que tanto os frutos como as folhas são tóxicos, pelo que os deve manter longe de crianças e animais.

Texto: Ana Luísa Soares (arquiteta paisagista e professora) e Ana Raquel Cunha (arquiteta paisagista)