Para quem visita a Madeira, além do bolo do caco, do Mercado dos Lavradores, da poncha, do vinho Madeira, do milho frito, da espetada em pau de loureiro – apesar de já não o ser –, do peixe-espada (podíamos enumerar um sem número de coisas incontornáveis da Madeira), o bordado madeirense é também uma instituição da ilha. Mas é uma tradição que está cada vez mais a tornar-se uma raridade.

Ficamos com essa noção durante a visita à Bordal, fábrica de bordado madeirense, criada em 1962 e que hoje é a principal empresa fabricante e exportadora. Aquela que é uma tradição com mais de 100 anos já chegou a ter mais de 50 mil bordadeiras. Hoje são 400, e a tendência é que as bordadeiras não se renovem. “As pessoas mais novas não querem fazer isto”, dizem-nos, apesar de promoverem, por exemplo, workshops (a partir de 30€) para todas as idades, onde se aprendem seis pontos de bordado madeirense.

Mesmo no centro da cidade, o Barceló Funchal Oldtown é um hotel que honra a tradição do bordado madeirense
créditos: Daniela Costa

Aqui todas as peças são certificadas e a Bordal conta com um portefólio de mais de 60 mil desenhos. Vemos o detalhe e o cuidado com que são tratadas, e um dos orgulhos da Bordal, é terem trabalhado com a Chanel na coleção apresentada em 2014/2015.

Mas o que tem o Barceló Funchal Oldtown a ver com o bordado madeirense? A relação daquela é que a primeira incursão da marca espanhola na Madeira (apesar de o grupo Barceló ter outra marca na ilha, com a insígnia Allegro, na zona do Lido) começa precisamente no local em que se encontra. Composto por seis edifícios do século XVII, situados na Rua da Alfândega, mesmo no centro histórico do Funchal, num deles em tempos funcionou a fábrica Oliveira Bordados Enmaderienses. Mas não só. Outro edifício pertenceu à família Blandy’s, pioneira do comércio de vinho da Madeira – cuja adega está quase ao virar da esquina, à disposição dos apreciadores desta bebida. Resumindo, um hotel com história, que totaliza 111 quartos distribuídos em cinco tipologias (Deluxe, Deluxe Vista Cidade, Júnior Suite, Family e Suite).

Mesmo no centro da cidade, o Barceló Funchal Oldtown é um hotel que honra a tradição do bordado madeirense
créditos: Divulgação

“O que quisemos foi valorizar estes edifícios históricos, situados no centro do Funchal, e poder recuperar toda a sua história e integrá-la dentro do hotel”, explica-nos Olga Galindo, arquiteta do Grupo Barceló e responsável pelo projeto de decoração e recuperação. “As cabeceiras são inspiradas nos bordados madeirenses, recuperámos parte dos elementos históricos dos edifícios como as vigas de madeira que se encontram no hotel, e fazem parte da decoração, e também a calçada portuguesa que encontrámos”.

“Foi uma obra muito complexa e foi um grande esforço manter as fachadas originais, mas foi um desafio poder manter toda a história e o resultado vale a pena”, conclui.

Mas não é apenas o bordado per si a tradição que o hotel pretende prestar homenagem. Relembramos, por exemplo, a iniciativa que aliou a marca portuguesa BÉHEN, de Joana Duarte, ao Barceló Funchal Oldtown, para a criação de uma coleção cápsula de shopping bags feitas a partir de antigas colchas portuguesas com bordado madeirense e que pode ser encontrada na loja da unidade hoteleira.

Fã de artesanato? Marca portuguesa transforma colchas antigas em sacos de compras com o famoso bordado da Madeira
créditos: Barceló Funchal Oldtown

O hotel começou a funcionar em abril passado, mas a inauguração oficial aconteceu no fim de setembro. “Temos promovido muitos eventos, sobretudo no rooftop, uma vez que o hotel está bem localizado e tem uma envolvente muito interessante”, afirma Cristina Pérez, diretora-geral do hotel.

Este espaço, denominado B-Heaven, é aliás, um dos locais imperdíveis numa estadia no Barceló Funchal Oldtown. A piscina infinita com vista para o oceano não se esgota aí. A visão 360º dá-nos a ideia de que estamos no coração da ilha, em comunhão com a natureza, apesar de nos encontrarmos no centro da cidade.

Mesmo no centro da cidade, o Barceló Funchal Oldtown é um hotel que honra a tradição do bordado madeirense
créditos: Eduardo M.Conde

Outro local de destaque é o restaurante A Bordadeira, onde é servido o pequeno-almoço, que deixa pouca margem parta dúvidas em relação à inspiração no nome. A cozinha de inspiração contemporânea apresenta aquele que é chamado de conceito B-LikEat, que se baseia em alimentos orgânicos, sazonais e locais.

Mesmo no centro da cidade, o Barceló Funchal Oldtown é um hotel que honra a tradição do bordado madeirense
créditos: Eduardo M.Conde

O “All day dining” é o restaurante Noz Café que, além de servir os hóspedes do hotel, é também um convite para todos aqueles que quiserem desfrutar da gastronomia, com uma decoração moderna com apontamentos de verde graças às plantas que ajudam a compor a decoração do espaço, o que lhe dá um ambiente agradável. Destaque ainda para o terraço exterior, numa das ruas mais tradicionais do Funchal.

A carta é da responsabilidade do chef João Lima que nos apresenta propostas bastante transversais sejam umas batatas bravas com molho picon (7€), a respeitar a identidade fundadora do hotel, opções fora da caixa como pipocas de couve-flor com maionese de siracha 8€ ou sabores mais tradicionais da região como atum com molho de malagueta e manga com maionese de soja (12€), wrap de batata-doce, quinoa e creme de coco (15€) e ceviche do Mercado (13€) com peixe do Mercado dos Lavradores.

Sendo um “All day dining” há ainda uma carta de pequeno-almoço e brunch. Espaço ainda para a carta de cocktails que vão desde os mais tradicionais (a partir de 7,50), aos mais locais (a partir de 6€), com destaque para as várias ponchas e até mocktails (a partir de 7€) para quem quer desfrutar destas bebidas na sua versão sem álcool.

Os preços de reserva para o Barceló Funchal Oldtown para o mês de novembro começam nos 181€, num quarto para duas pessoas com pequeno-almoço incluído.

O SAPO Lifestyle esteve no Barceló Funchal Oldtown a convite do grupo.