O número 7 (sete) representa uma conclusão cíclica e renovação. Esta foi a definição que serviu de base à criação do novo álbum de David Carreira - ‘7’.

Lançado a 23 de novembro, o disco conta com dez novos temas que se dividem entre músicas tristes e felizes. Um conceito que o filho de Tony Carreira explicou, na primeira pessoa, em entrevista ao Fama Ao Minuto.

David admite que a sua vida mudou (e muito) nos últimos dois anos e explica o que motivou a transformação que sofreu e que o fez chegar a um novo momento da sua carreira.

Este novo disco pressupõe uma renovação ligada ao significado e à simbologia do número 7. Podemos dizer que o David também se renovou enquanto pessoa e artista?

É sobretudo uma nova fase por várias razões. Quando escreves tens sempre tendência a escrever sobre aquilo que vives ou sobre aquilo que tens muito próximo. O álbum em si fala de amor no geral, mas a tua forma de ver o amor aos 20 anos não é a mesma. Não lançava um álbum em Portugal há três anos e em três anos acontece muita coisa na tua vida. No último álbum, tive muitos concertos e estive sempre a viajar. Pessoalmente aconteceu muita coisa também, isso muda a tua maneira de ver as coisas e, portanto, muda a tua forma de escrever, a tua forma de ver as relações e a atua forma de ver o amor no geral. Sinto que é um novo ciclo por causa disso e também pela simbologia do sete.

Há um ano tive uma fase a nível de vida pessoal mais complicada

Poucos dias depois do lançamento de '7', o David escreveu no Instagram que, quem o conhece, sabe que nos últimos dois anos passou por uma transformação. A que se referia quando escreveu esta frase?

A tudo no geral. Há três anos lancei o álbum '3', foi o ultimo álbum de originais em Portugal, entretanto, lancei o CD/DVD do Campo Pequeno, o concerto 360º, aconteceram duas digressões, as duas juntas com 150 datas, na terceira digressão tivemos à volta de mais umas 40 datas e ainda houve o meu segundo álbum francês pelo meio. Aconteceram muitas coisa profissionalmente e pessoalmente. Coisas que toda a gente sabe. Todos os dias sai algo sobre a minha vida pessoal nas revistas, por isso, não preciso de falar desses assuntos. Aconteceram muitas coisas na minha vida que me fizeram mudar. Escreves sobre aquilo que passaste e é isso que este álbum traz.

O David disse também, nessa mesma publicação, que foi mais fácil para si concluir primeiro a parte triste do álbum. Ao fim de três meses já tinha o lado triste fechado.

Foi mais fácil porque quando comecei o álbum estava numa fase mais triste, sem dúvida. Há um ano tive uma fase a nível de vida pessoal mais complicada. Estive uns três meses mais 'down' e foi isso que me inspirou para escrever o lado mais triste. Eu já tinha quatro músicas do lado triste e tinha uma musica do lado feliz. Depois percebi que havia uma ligação entre uma triste e uma feliz. Quando aparece ‘O Problema é que ela é linda’, percebo que, se calhar, dá para fazer músicas felizes.

Lembrei que havia um assunto de que podia falar: há pouco tempo, tinha faltado aos anos da minha irmã Sara

Neste álbum encontramos várias parcerias e duetos. Era este o seu plano inicial?

Sim, há muitos duetos, mas foi inconsciente. Foram aparecendo, não foi pensado fazer um álbum com bastantes duetos. Por exemplo, no caso do tema ‘O Problema é que ela é linda’ há vários factores que fizeram o sucesso e o facto de te sido feita com aqueles artistas em específico é um deles. Parecermos uma família, estarmos ali os três a curtir e ter uma coreografia também ajudou. Quem ouve, percebe isso.

E temos também uma canção - 'Gosto de ti' - com a sua irmã, Sara Carreira.

Possivelmente essa foi a última música do álbum que eu fiz. Era a editora a dizer: ‘tens de fechar o álbum’ e eu a dizer que faltavam músicas. Essa canção surgiu do nada, no final de um dia em estúdio. Começaram a dizer que a melodia era boa e eu lembrei que havia um assunto de que podia falar: há pouco tempo, tinha faltado aos anos da minha irmã Sara. Assim surgiu o ‘mesmo estando longe estou aí’ [cantou]. Era uma música dedicada à minha irmã, por isso, liguei-lhe para passar no estúdio e gravarmos. É, sem dúvida, um dos duetos especiais deste disco.

Como correu a experiência de trabalhar com a Sara?

Foi fixe. É diferente trabalhar com alguém da tua família, mas com ela é uma grande responsabilidade por saber que é a primeira música dela. Foi giro estar ali em estúdio a dirigi-la e estar a dizer: 'experimenta fazer isto, faz aquilo'.

A ideia deste álbum é mesmo quebrar barreiras e criar proximidade.O David e a sua equipa preparam sempre estratégias diferentes do habitual para a promoção dos seus discos. Por exemplo, no lançamento deste álbum tivemos oportunidade de ver que apareceu de surpresa em escolas básicas.

Tivemos muita coisa e também ainda há muita coisa para vir. A ideia era em vez fazermos um evento em que tens fogo de artifício, máquinas, luz, fazer algo do género: eu, uma guitarra e rock and roll.

Como correu essa aventura?

Foi muito fixe, há vídeos onde vemos que os miúdos estão malucos. Foi muito giro entrar pelas salas de aula. Fizemos num liceu em Carnaxide, à hora de almoço, e fizemos depois no final das aulas no liceu onde eu estudei, o Liceu Francês. Vi lá os meus antigos professores a curtir os sons, foi muito giro. Depois, ainda fomos para o metro. Foi tudo no mesmo dia e transmitido em direto nas redes sociais. A ideia deste álbum é mesmo quebrar barreiras e criar proximidade.

Sabemos que o David tatuou no braço os símbolos que representam as músicas da parte triste do disco. Um relógio, que representa o tema 'Será Que São Pó', umas asas para o 'Então Vai', uma bala associada ao 'Balas No Peito' e uma nuvem com raios ligada ao 'O Que Faz Bem'. O que o levou a tomar esta decisão?

Eu não tenho tatuagens na parte da frente do corpo, nunca tive e acho que nunca faria. É uma forma de eu olhar para o espelho e não me cansar. Isto tem a ver também com o conceito do álbum: uma coisa é aquilo que tu vês à primeira vista e outra coisa é todo o conteúdo que pode haver atrás. É como se o lado feliz estivesse aqui [no rosto], mas há todo um lado triste também presente. Acho que todos nós temos isso, ninguém tem um dia em que tenha estado feliz em todos os momentos. Todos temos altos e baixos.

Tive, por exemplo, uma miúda que fez uma tatuagem com uma música antiga minha

Consegue definir numa palavra cada uma das músicas do álbum?

Sim, acho que sim. Vamos começar pela ‘Olha Pra Nós’: diria que é fresh. O ‘És Só Tu’ diria mais dramático. ‘O Problema É Que Ela É Linda’ é festa. ‘Então Vai’ é, sem dúvida, sexy. É o som mais sexy do álbum. ‘Cuido De Você' diria que é amor. O 'Balas No Peito' seria mensagem vocal, aquelas que a música tem por detrás. ‘Para onde vais tu aí’ faz-me sempre pensar em fado. ‘Será que são pó’ é, possivelmente, a minha música favorita do álbum. O ‘Gosto de ti’ representa amizade entre irmão e, por último, o ‘Te faz bem’ é drama, no máximo.

Vamos esclarecer a dúvida de grande parte das suas fãs. É mesmo verdade que é o David quem responde às mensagens enviadas para o número de Whatsapp que há cerca de dois meses disponibilizou para que estas pudessem falar consigo?

Sou mesmo eu. Só tenho pena de, neste momento, não conseguir responder a todos. Tenho sempre a volta de sete mil mensagens por responder. Dessas sete mil, possivelmente, já respondi a duas mil. O que tento fazer é responder a toda a gente pelo menos uma vez

E atende mesmo as chamadas?

Atendo, o problema é que eu só consigo responder se estiver offline. O tempo de atender uma chamada é para aí dois minutos, nesses dois minutos consigo responder a quatro ou cinco Whatsapps por mensagens de voz. Para tentar responder a toda a gente, gravo mensagens de voz em offline e quando coloco online aquilo manda para 256 pessoas.

Os meus vídeos acabam sempre por dar que falar

Qual foi a mensagem mais engraçada que já recebeu?

Tive várias. Tive, por exemplo, uma miúda que fez uma tatuagem com uma música antiga minha - 'Haverá Sempre Uma Música'.

Na senda do lançamento deste novo projeto, que novidades podemos esperar para breve?

Vão haver muitas sessões de autógrafos, na noite de passagem de ano vou ter três concertos e, em breve, estreiam também novos videoclipes. Estão a ser feitos.

São videoclipes que vão dar que falar como outros que já fez?

Os meus vídeos acabam sempre por dar que falar. Seja pelo conteúdo ou por outras polémicas. A ideia é sempre dar que falar.

Para quando um concerto como grandes dimensões, numa grande sala de espetáculos, como o 360º?

Brevemente. com este novo álbum é certo que vai acontecer.