Com mais de 18 milhões de visualizações no YouTube, 'Maria Joana', canção de Mariza, Calema e Nuno Ribeiro, foi um dos grandes lançamentos do ano no que diz respeito à música portuguesa. O sucesso serviu de mote para uma conversa do Fama ao Minuto com Nuno Ribeiro, que se mostrou orgulhoso do single cuja ideia surgiu num almoço.

O artista, que deu voz a outros êxitos como 'Longe' e 'Tarde Demais', falou-nos ainda do concerto que tem marcado para o dia 4 de novembro, no Coliseu do Porto Ageas. Este será um espetáculo especial não só por ser o seu primeiro coliseu, mas por acontecer na sua terra natal, o Porto.

Como é que surgiu a oportunidade de trabalhar com a Mariza e os Calema?

Já era amigo dos Calema há algum tempo e estava numa fase da minha vida em que queria mudar a estética musical. Combinei com eles uma sessão para fazermos uma música mais mexida com um balanço diferente de o que tinha feito até à data e nessa sessão surgiu a ‘Maria Joana’.

Mais tarde, e só por causa dessa música, é que então conheço a Mariza. O manager dela foi um dia a estúdio ter com o Nelson Klasszik - que é produtor - para falarem de outro assunto. O Nelson estava a produzir o ‘Maria Joana’ e o manager gostou muito da música. Pediu para mostrar à Mariza e ela, que estava a querer sair um pouco da onda do fado mais tradicional, gostou imenso.

Marcámos uma sessão de estúdio e criámos uma amizade muito bonita. Foi a ‘Maria Joana’ que nos uniu como artistas.

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E a ideia da música? Quem a teve e como foi construída?

A música surgiu durante um almoço. Eu e os Calema começámos a sessão da parte da tarde e combinámos almoçar todos juntos para falar um bocadinho sobre aquilo que queríamos fazer musicalmente. Estive a falar com eles de como foi morar em Lisboa e ter muitas saudades de casa (Porto) e a partir de aí começou a surgir toda a trama de vir do Norte para Lisboa atrás do sonho.

Acabámos o almoço, fomos para estúdio e no espaço de 2/3 horas toda a parte da letra e da música estava feita. Depois foi só trabalhar para a canção chegar ao ponto onde chegou.

Inicialmente, era para ser só cantada por mim, mas mais tarde é que decidimos que os Calema entrariam porque fazia sentido e porque tínhamos feito a música juntos. A Mariza entrar também fazia todo o sentido, visto que acabou por se tornar numa música cultural.

Porquê Maria Joana?

O nome não tem nenhum significado em específico. Surge porque na altura quisemos ligar a saudade a uma figura feminina e achámos que o refrão deveria ter o nome de uma mulher. Maria é, sem dúvida, um dos nomes que mais existe em Portugal, mas só Maria não dava e então tentámos conjugar vários nomes. Maria Joana ligava muito bem ao refrão e com aquilo que a musica pedia e assim ficou.

A música teve um enorme sucesso. Acredito que isso o tenha deixado particularmente feliz.

Sim, a ‘Maria Joana’ é uma das músicas do ano. Estaria a mentir - e acho que falo em nome dos Calema e da Mariza - se dissesse que não achava que a música ia chegar às pessoas.

No entanto, nunca na vida achei que a música fosse ter esta repercussão tão grande. Além disso, contribuiu para o meu crescimento, porque geralmente as canções que eu lançava eram conhecidas pelas pessoas, mas a cara do Nuno Ribeiro e o Nuno Ribeiro nem tanto. Ajudou, sem dúvida, que isso fosse desmistificado. As pessoas passaram a conhecer melhor o artista, o que fez com que tivesse um ano de estrada inacreditável.

Está nervoso com o seu primeiro Coliseu? Como vão os preparativos?

Atualmente, a minha cabeça está completamente abafada por esse dia 4 de novembro. É o meu primeiro coliseu, uma responsabilidade enorme e está ser um grande desafio, porque é produção própria e, principalmente, por ser na minha terra mãe.

Vai ser uma noite muito especial porque, para lá de muitas pessoas que vêm de fora para assistir a este concerto, vou ter pessoas conhecidas e que estão no meu coração. Estamos a preparar um concerto muito, muito especial para que seja marcante para nós e para as pessoas que estarão a assistir. Por isso, até lá estou em contagem decrescente e só quero que chegue o dia.

Quais os projetos que tem em mãos e os que está a preparar para o futuro?

O futuro… Espero que me reserve coisas muito boas porque nós continuamos a trabalhar imenso e quando digo ‘nós’, falo da minha equipa, de toda a estrutura que trabalha comigo. Posso adiantar que continuo focadíssimo no meu trabalho e em fazer cada vez mais músicas.

Há uma que poderá sair ainda antes do concerto no coliseu. Acho que será surpreendente, porque é mais uma vez um dueto improvável e que joga com a nossa cultura.

É isso que quero fazer daqui para a frente: ter músicas a solo com a minha identidade, mas ir cruzando-me com outros artistas e explorar cada vez mais outras sonoridades, porque a coisa mais horrível que se pode ter na vida é uma rotina estagnada e eu não quero que a minha música seja assim, farei sempre por experimentar coisas novas.

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