É em Portugal que os humoristas brasileiros têm encontrado espaço para internacionalizar as carreiras. O idioma, as semelhanças entre os países e a proximidade com uma comunidade que bem conhecem são alguns dos motivos que têm trazido grandes estrelas desta área a atuarem por cá, com Lisboa a deixar de ser, entretanto, a única cidade que os recebe.

Depois do sucesso na capital, estes mesmos humoristas têm decidido aventurar-se noutras cidades, tal como faz por estes dias Rafael Portugal, que leva 'Eu Comigo Mesmo' até Porto, Guimarães, Póvoa de Varzim e Braga, entre os dias 9 e 14 deste mês, isto depois de já ter atuado em Lisboa, no passado dia 7.

Numa entrevista exclusiva ao Fama ao Minuto, Rafael não conseguiu esconder o carinho que sente pelo nosso país e pelos portugueses que, garante, sempre o fizeram sentir-se bem recebido. Em relação ao apelido, que na infância foi motivo de brincadeira - e, até, de bullying - sente que é um "privilégio".

Rafael, como se sente por estar de volta a Portugal para mais uma série de espetáculos?

Estou muito animado, muito feliz. Eu adoro este país e esta tournée é um momento muito especial da minha carreira. Vou atuar em lugares em que ainda não tinha atuado e sei que vou encontrar mais pessoas que conhecem o meu trabalho.

Este é um espetáculo biográfico? Há quanto tempo está a ser preparado?

É um espetáculo sobre a minha vida, sobre o meu dia a dia, desde a minha infância até ter tido o meu trabalho reconhecido. É sobre momentos inesquecíveis da minha vida que quero partilhar com o público.

Esteve algum tempo com este espetáculo em cena no Brasil. Qual foi a reação do público?

Sim, estive em cena com ele durante um ano e quatro meses no Brasil. Saímos agora de lá com a marca de 100 mil espectadores, só num teatro. Foi um ano muito bom. Trago-o agora pela primeira vez a Portugal.

Não é a primeira vez que o Rafael visita Portugal. Gosta de estar por cá?

É a minha quarta vez em Portugal, sou apaixonado pelo país. Agora venho com a minha cidadania portuguesa. Além de brasileiro, agora também sou português e a minha esposa e as minhas filhas também. Viemos com um gostinho especial de nos podermos sentir um bocadinho mais cidadãos, pelo menos nos documentos, porque na cabeça e no coração sempre fomos muito apaixonados por este país. Já me estou a organizar com a minha esposa para voltarmos no próximo ano para conhecermos outras zonas.

Do que mais gosta no nosso país?

Gosto muito da alegria com que os portugueses vivem e falam. A comida é muito boa, bebem-se bons vinhos, os lugares são lindos... Claro que existem problemas, como existem no nosso país, mas poder trocar as experiências é ótimo. Já tive o privilégio de viajar para muitos lugares do mundo, mas poder estar em Portugal, ouvir o meu idioma e viver experiências parecidas com a nossa noutro continente é muito bom.

Por que motivo decidiu apresentar-se com este espetáculo em Portugal?

Aproveitei que vinha atuar para ficar mais uns dias a descansar. Vou começar alguns projetos no Brasil, vai ser um ano de muito trabalho lá, portanto considero que estas são umas férias antes de voltar.

Qual o público que espera encontrar na plateia? Mais pessoas brasileiras do que portuguesas ou o contrário?

Estou à espera de encontrar mais portugueses do que encontrei da última vez, sinto que tenho alcançado mais portugueses com o meu trabalho. Encontro muitos brasileiros aqui que me reconhecem mas, cada vez mais, cruzo-me com portugueses que sabem quem eu sou.

O que acha que faz com que os portugueses admirem tanto os artistas brasileiros?

Temos muita história em comum. Acho que vai além do idioma. A beleza, a forma como se vive, como se trabalha, como se quer conquistar as coisas... Sinto que o português conhece muito bem o brasileiro. O brasileiro conhece pouco Portugal, embora se apaixone quando conhece. Eu sou muito apaixonado por este país e tenho o privilégio de tê-lo no meu nome. Na minha infância sofri bullying e hoje é um privilégio. Era diferente ter alguém na sala de aula que tinha um nome de um país, era motivo de piada a toda a hora. Hoje, sou a pessoa mais feliz do mundo por carregar o nome deste país pelo qual sinto tanta paixão.