Os pais alegam que a educadora agredia com palmadas no rabo as crianças que estavam a seu cargo, com idades entre um e três anos, e obrigava-as a comer comida com vómito.

Os factos em causa remontam ao período entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, quando a educadora foi suspensa de funções, mas os pais só tiveram conhecimento dos factos em dezembro, quando, após muita insistência, receberam a nota de culpa.

Os pais queixam-se também da falta de respostas da Instituição Particular de Solidariedade Social que gere a creche aos sucessivos pedidos de esclarecimentos, sobre o que motivou a suspensão da educadora.

Na denúncia, agora enviada ao MP, os pais dizem que a educadora “obrigava as crianças com menos de um ano a ingerir alimentos sólidos”, tendo, numa das vezes, metido um pedaço de pera na boca de uma menina que se engasgou e deixou de respirar.

A criança terá começado a ficar branca, denotando falta de oxigénio, tendo sido socorrida por uma ajudante de ação educativa, que a deitou na posição lateral de segurança, tendo a menina acabado por expelir o pedaço de pera.

Os pais referem ainda que quando as crianças vomitavam para o prato da comida, a educadora “obrigava-as a comer a comida e o vomitado” e chegou a “amarrar uma criança à cadeira de refeição, com panos ou lençóis, enquanto esta tomava as refeições, com o intuito de a manter quieta”.

Um outro caso relatado envolveu um menino de dois anos, que se queixava de dores de barriga, mas a educadora terá desvalorizado a situação, dizendo que “aquilo era fita” e que deveriam ser “gases”.

O menino acabaria por ser conduzido ao Hospital de Aveiro, após a ajudante de ação educativa ter contactado o Instituto Nacional de Emergência Médica, tendo-lhe sido diagnosticada uma gastroenterite e desidratação.

Na denúncia lê-se ainda que a educadora “não permitia que as ajudantes de ação educativa dessem colo às crianças” e quando estas choravam, “punha música do rádio muito alto, e, por sua vez, ela própria cantava, ainda mais alto que o próprio rádio, tornando o ambiente na sala impróprio para o descanso e bem-estar das crianças”.

Os pais dizem que a educadora “pretendeu infligir, reiteradamente, maus tratos físicos e psíquicos, bem como castigos corporais e privações da liberdade aos menores, tratando-os cruelmente” e requerem que seja instaurado um processo-crime contra a mesma.

A Lusa tentou contactar a direção do Centro Social de Esgueira instituição, mas até ao momento não foi possível.