A naturalidade despudorada de Jane Birkin e estilo cool e mais sofisticado de Farah Fawcett, já reinterpretados pelos criadores de moda em estações anteriores, continuam a inspirar estilistas e a marcar tendências em todo o mundo. O destaque maior reside em cinco peças-chave. Margarida Figueiredo, editora de moda da Saber Viver, diz-lhe quais são e ensina-a a usá-las em coordenados que vão valorizar (ainda) mais a sua silhueta:

- Calças flare

Estas calças justas de cintura subida, que se tornam mais largas a partir do joelho, foi a peça mais icónica dos anos da década de 1970. Na altura, dava-se-lhe o nome de calças à boca de sino, pois eram ainda mais largas em baixo do que o modelo flare. Claramente inspiradas nas calças dos cowboys, eram usadas com blazer cintado branco, uma camisa branca ou blusa dourada.

Acessorizava-se o look com sandálias abertas ou sandálias de plataforma, sem esquecer a mítica écharpe comprida. Com a simplicidade de uma camisa branca, um relógio masculino e umas botas de camurça. Para um look mais boho, pode complementá-las com um casaco de camurça ajustado à silhueta e sandálias de plataforma. Menos é sempre mais e ganha em estilo.

- Vestido voile

Um vestido ligeiro de voile de algodão solto, que liberta os movimentos e o corpo. Uma reivindicação que passa suavemente para o espirito boémio, mas, agora, com uma dose de graça e erotismo. Quer estejamos a usar uma túnica marroquina ou um grande vestido fluído e flutuante, como os das heroínas do cinema, esta peça destina-se aos verões quentes de Ibiza, com sandálias em couro nos pés e um espírito cool.

O charme de quem sabe utilizar o seu carisma. Sofistique o vestido com sandálias e bijutaria prateadas ou douradas. Não esquecer o cinto para ajustar a silhueta. Tanto o pode levar para a praia, sem acessórios, como para uma festa ao final do dia, com todos os acessórios a que tem direito, para brilhar em todo o esplendor.

- Saharienne safari

Depois da roupa de trabalho, outra forma incontornável de reciclar a moda era o vestuário militar. Estas peças eram concebidas para serem discretas e fáceis de usar e, acima de tudo, existiam numa gama de cores sóbrias que se fundiam com qualquer estilo. Esta peça criada numa gama de cores neutras, combina na perfeição com a tendência de mistura de cores vinculadas pelos movimentos flower power e psicadélicos.

O caqui tornou-se tão indispensável quanto os jeans e entrou de tal forma na moda que não se hesita em usá-lo num look total. Agora é reintrepertado com um tipo de acessórios mais urbanos. Combine-o com um cinto castanho, um par de derbys e uma carteira de mão, mais clássica.

Veja na página seguinte: Como vestir um blazer glam e um fato de macaco

- Blazer glam

Uma peça desviada do guarda-roupa masculino e adaptada por Pierre Cardin, que se inspirou nos casacos dos donos de iates. O nome é uma homenagem a H.M.S. Blaser, que obrigava os seus marinheiros a usar blazers assertoados com botões dourados. Nos anos da década de 1970, o blazer estava intimamente ligado ao universo do trabalho e das convenções sociais.

Inspiradas por Annie Hall, a heroína de Woody Allen, as mulheres apaixonaram-se por esta peça e tornaram-na fundamental do seu guarda-roupa, combinado-a com umas calças largas e uma camisa branca. Em vez de o vestirmos sem nada por baixo, como nos anos idos da década de 1970, usamo-lo com um top tipo lingerie.

- Fato de macaco

Uma peça incontornável que, na sua origem, era uma vestimenta de trabalho, com ou sem corte, prática e simples, e que foi recuperada pela moda como todo o universo da roupa de trabalho. Na época, o objetivo era constituir um guarda-roupa para marcar a individualidade, pois não havia receio de sair à rua com um macacão. Bastava torná-lo mais feminino com um grande decote e uma silhueta ajustada, saltos altos e bijutaria.

Com um relógio masculino, o macaco (agora usa-se mais o termo jumpsuit) é usado num estilo tomboy (maria rapaz) mais largo e de cintura descaída. Valorize-o com saltos altos e, para afirmar a feminilidade, combine-o com acessórios em encarnado vivo.

Texto: Margarida Figueiredo