Foi por entre as vinhas em socalcos verdejantes da Quinta do Bomfim, no distrito de Vila Real, onde se cruzam os rios Douro, Tua, Tinhela e Pinhão, que a dupla de designers Marta Marques e Paulo Almeida apresentou a sua nova coleção que é uma junção das propostas de pre-fall e de outono/inverno 2026. Apesar de não ter um tema ou inspiração definida, esta apresentação dá a conhecer uma versão "bocadinho mais crescida", "mais madura" e "mais elegante" da marca portuguesa.

Marques'Almeida 2025
Marques'Almeida 2025 créditos: Portugal Fashion / Ugo Camera

"Tem sido aquilo que percebemos que é uma progressão natural para nós, mas também é o que está a funcionar melhor em termos de mercado. Têm sido anos muito desafiantes desde o COVID-19, em que o mercado mudou muito, a instabilidade está a afetar aquilo que nós estávamos a fazer, portanto, estamos a encontrar aqui um campo novo, até muito mais dentro do evening wear e do party wear, que era uma coisa que não estava no nosso DNA", explica Marta Maques ao SAPO Lifestyle.

Essa versão 2.0 da Marques’Almeida é visível através do uso de bordados de lantejoulas, aplicações em tops, saias de tule ou vestidos rendados, e de tonalidades que nos remetem para pedras preciosas, como o vermelho e o verde, que podemos ver em looks monocromáticos também com brilho. Sem medo de arriscar, a cereja no topo do bolo vai para as luvas transparentes com penas, apresentadas nas versões preta e azul, que são um dos acessórios mais arrojados e marcantes desta temporada. Recorde-se que foi esta irreverência que fez com que estrelas como Rihanna, Beyoncé ou Sarah Jessica Parker se rendessem às suas criações.

Marques'Almeida 2025
Marques'Almeida 2025 créditos: Portugal Fashion / Ugo Camera

Esta não seria uma coleção do casal e dupla formada no CITEX sem aquela que é uma das suas imagens de marca: a ganga. Esta aparece na passerelle com diferentes tipos de efeitos e acabamentos. Para além das versões em ganga lisa, o acid wash cinzento cria looks visualmente impactantes que nos remetem para as origens da marca. "É um denim black on white, que depois tem tratamento de lavanderia para ficar com aquele ar desgastado, e que tem essa vibe mais grunge e mais 90's, que é como a Marques’Almeida apareceu".

Marques'Almeida 2025
Marques'Almeida 2025 créditos: Portugal Fashion / Ugo Camera

Este material também surge combinado com elementos e tecidos requintados, como as penas, aplicações em strass e a risca diplomática, e em silhuetas cheias femininas que ganham vida através dos folhos, dos volumes e do peplum, elementos que fazem fazem parte do seu ADN. "É tudo um move muito mais evening, muito mais elegante do que a marca Marques’Almeida é e o que é interessante para nós é o desafio de fazer isso, mas numa silhueta de baggy trousers, com oversized shirts, com os nossos denims e misturar um bocadinho esses dois lados".

Marques'Almeida 2025
Marques'Almeida 2025 créditos: Portugal Fashion / Ugo Camera

Questionada se há espaço para peças unissexo nesta coleção, Marta Marques considera que cada cliente tem liberdade criativa para interpretar, brincar e usar todas as peças à sua maneira. "Há uns calções que estavam no desfile com o rapaz da nossa equipa está a usar também, portanto tem a ver com a interpretação de cada um. Nós próprios somos assim."

Os elementos florais também ganharam protagonismo esta temporada mas numa versão mais invernosa. Estes aparecem desenhados com recurso a lantejoulas aplicadas em vestidos, estampados em conjuntos acetinados com volume, compostos por vestidos com calcas, ou em padrões florais vistos em blazers oversized, crop tops e saias rodadas.

Marques'Almeida 2025
Marques'Almeida 2025 créditos: Portugal Fashion / Ugo Camera

A dupla criativa, que tem atelier na capital inglesa e que desde 2010 é uma presença assídua na London Fashion Week, sempre se orgulhou em fazer criações de moda que valorizam e apoiam a produção nacional. "É tudo Made in Portugal e sempre foi", afirma, enaltecendo a relação sólida e duradoura, de mais de uma década, que mantém com os seus fornecedores e fabricantes locais.

Se nos looks mais elegantes as modelos calçavam sandálias decoradas com penas, nas propostas mais streetwear as botas com solas tractor e thigh high, em cor branca e com detalhes de fivelas, ganharam destaque e tornaram-se no melhor amigo das modelos que encerraram a apresentação a desfilar por entre as vinhas da Quinta do Bomfim, no Douro.

"Portugal tem servido para nós vivermos estes sonhos todos e todas estas ideias um bocado loucas, que eles alinham", diz, referindo-se à abertura do Portugal Fashion, que nesta edição comemora 30 anos de existência, em permitir que os designers possam explorar formatos inovadores e off location na altura de apresentar as suas coleções de moda. "É incrível poder fazer isto, porque isto ajuda mais do que as fashion weeks tradicionais. Ajuda a um storytelling sobre a marca, ajuda a criar aqui uma história", conclui.

Clique na galeria e veja o desfile: