A marca francesa Christophe Josse viu-se obrigada a adiar o seu desfile, previsto para 23 de janeiro, último dia da Semana de Alta Costura, evento que acontece depois da semana da moda masculina.

O motivo são os "atrasos" nos prazos de entrega dos seus fornecedores causado pela greve, que impossibilitaram que terminasse a sua coleção primavera-verão a tempo, segundo um comunicado da marca.

Uma polémica reforma no sistema de reformas desencadeou uma greve histórica em França, que apesar de ter suavizado nos últimos dias, continua a complicar os deslocamentos na capital, com os serviços de metro e autocarros reduzidos e um aumento no trânsito rodoviário.

A idiossincrasia da Semana da Moda representa um desafio maior perante a greve. Com uma dezena de desfiles que acontecem de hora em hora em diferentes pontos da cidade, os organizadores viram-se obrigados a duplicar o número de autocarros à disposição de compradores e jornalistas, passando por fashionistas, que vieram de todo o mundo.

"A deslocação transformou-se num pesadelo. As pessoas precisam no mínimo de uma hora para chegar para trabalhar (nos desfiles). Cruzar a cidade em alguns momentos do dia põe à prova nossa paciência", disse à AFP uma estilista, que pediu anonimato.

Disse também que parte dos funcionários que contrataria para a Semana da Moda, vindos principalmente da Itália, Espanha e Bélgica, desistiram de viajar para Paris devido à greve. "Não compensa", disse.

O estilista belga Dries Van Noten recomendou no convite do seu desfile que acontece na quinta-feira que os convidados usassem as linhas de metro, que circulam normalmente.

Apesar de tudo, os desfiles previstos para o início da Semana da Moda masculina outono-inverno aconteceram normalmente.

Peças que resistem à passagem do tempo

A chinesa Sankuanz abriu o evento, apostando em silhuetas em preto salpicadas de piercings e tatuagens.

A estreia de Rhude, marca sediada em Los Angeles, atraiu todos os olhares com um estilo que foge da pretensão de exaltar o conforto. Os modelos desfilaram cobertos de plumas e com looks em couro preto com grandes bolsas, um acessório que vem sendo adotado com grande entusiasmo pelos homens.

O seu estilista de origem filipina Rhuigi Villaseñor disse à AFP que o seu objetivo era criar peças que fossem práticas ao mesmo tempo que "sobrevivessem à passagem dos anos e da moda".

A Semana da Moda masculina terá 53 marcas até domingo, incluindo três espanholas: Loewe, - propriedade do gigante de luxo francês LVMH -, Palomo Spain e Oteyza, que se estreia no evento.

A marca francesa Celine, nas mãos do estilista icónico Hedi Slimane desde 2018, deixou o evento e vai apresentar um desfile misto na Semana da Moda feminina.

Outra grande ausência é o georgiano Demna Gvasalia, que em setembro do ano passado abandonou de forma inesperada a sua marca Vetements, fundada juntamente com o irmão.

O americano Virgil Abloh, estrela dos millenials, volta à passerelle para apresentar as últimas coleções da sua marca Off-White e da linha masculina da Louis Vuitton, depois de passar um tempo afastado das passerelles por recomendação médica, que o aconselhou a diminuir o ritmo e a trabalhar a partir de casa.