"Vou fazer um cocktail muito semelhante ao que fiz no Algarve [campeonato nacional], ou seja, é um pouco o que eu já testei em competição", conta Ricardo Cardim ao SAPO Lifestyle. "Mudei algumas coisas, porque os patrocinadores também mudam", explica. "Por exemplo, no Algarve, eu era obrigado a usar licor beirão ", acrescenta.
O cocktail, que chamou Essência, é "bastante leve" por não ter muito álcool. "Há uma conjugação que combina muito bem, que é entre o pêssego e a amora. Isto é muito inspirado nas minhas vivências de Sesimbra", partilha o bar manager.
"Vou usar uma base de gin de Sesimbra de uma zona que é a Azoia, perto do Cabo Espichel. É uma das poucas zonas em Portugal onde cresce zimbro selvagem, que é um dos ingredientes principais deste gin", conta. "Portanto, inspira-se um bocado na minha vivência em Sesimbra".
O "Essência" será a aposta de Ricardo para conquistar um lugar na grande final. Tal como Ricardo, mais países, cerca de 70, vão tentar a sua sorte.
Conforme nos explica Ricardo, os competidores dividem-se em cinco grupos e dentro de cada serão selecionados três concorrentes para a fase seguinte. "Não vamos fazer todos a mesma modalidade de cocktails. No meu caso, vou fazer a de long drink", revela.
"A segunda fase vai ser subdividida em três provas: o nosing test, em que nós vamos ter uma prova cega de várias coisas, de especiarias, ervas aromáticas; o knowledge test, onde temos 400 páginas de conteúdo para estudar e o market challenge, em que nós temos um budget, em principio de 30 euros, para comprar ingredientes para criarmos um cocktail no momento", diz Ricardo Cardim.
Da junção destas três provas, serão revelados os três finalistas. "Para a Superfinal, como eles chamam, também já tive que subscrever a receita", menciona o bartender, acrescentando que, diferente do Essência, "já puxa mais para a família" e inspira-se nos filhos e na mulher. "Chama-se União, em inglês, unity, que tem tudo a ver com a nossa relação".
"Sei que será uma jornada muito difícil e enquanto estamos a falar em termos de paladar e de gosto, será muito subjetivo, nunca sabemos bem para que lado o júri vai estar mais virado", desabafa o Ricardo. "Às vezes é preciso ter um bocado de sorte", constata, adicionando que, por isso, vai descontraído procurando "representar bem o país". "Acima de tudo, estou a treinar bastante para fazer bom um trabalho e para quando estiver lá sentir que cumpri com a minha missão".
Esta será a primeira vez que Ricardo Cardim, 39 anos, concorre no World Cocktail Championship que, este ano, acontece entre os dia 1 e 3 de novembro no Funchal, ilha da Madeira.
Atualmente, Ricardo gere o bar do hotel Evolution Cascais-Estoril, o The Upper Deck, que conta com terraço e vista para o mar. Neste bar, os curiosos podem experimentar algumas das suas criações.
Na carta, Ricardo Cardim propõe 9 cocktails de autor com álcool e três sem álcool. Perfect Mule com Absolut Elyx, sumo de lima, ginger beer, espuma de limão pistachio e gengibre (18€) e Lokahi com Rum Havana 3, ananás, falernum, lima, rum Havana 7 (18€) são algumas das propostas que encontra no menu.
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