
HealthNews (HN) – Como descreve o processo de colaboração entre o ISEC Lisboa, o ISLA de Santarém e a Escola Superior de Saúde de Santa Maria no Porto na criação desta licenciatura inovadora?
Ana Barqueira (AB) – O processo de colaboração foi formalizado por meio de um consórcio entre as três instituições de ensino superior e a empresa .what.if. Foi estabelecida uma Comissão de Gestão com representantes de cada instituição, responsáveis por coordenar a gestão académica e científica. Esta estrutura permite um trabalho conjunto, com a partilha de práticas, docentes, equipamentos e redes de contactos, promovendo uma experiência enriquecedora para os estudantes e garantindo qualidade e coerência no ensino.
HN – De que forma esta licenciatura em Gestão de Dados e Tecnologias da Saúde responde às necessidades emergentes das Ciências da Saúde em Portugal?
AB – A licenciatura surge como resposta à crescente complexidade do sistema de saúde, ao aumento de dados clínicos disponíveis e à necessidade urgente de profissionais com competências em análise de dados, tecnologias de informação e conhecimento em saúde. Por via disso destes fatores identificados, forma especialistas capazes de melhorar a tomada de decisão, a eficiência dos serviços de saúde, o desenvolvimento de soluções inovadoras e a personalização dos cuidados, para, dessa forma, preencher uma lacuna evidente no setor.
HN – Qual é o papel da empresa .what.if. no desenvolvimento do curso e como a sua experiência em Business Intelligence contribui para a formação dos estudantes?
AB – A .what.if. teve um papel central desde a conceção do curso, sendo cofundadora do consórcio. A empresa contribuiu para o desenho curricular e introduziu módulos diretamente relacionados com Business Intelligence, como análise de dados clínicos e gestão laboratorial. A sua participação ativa garante que a formação está alinhada com as reais necessidades do mercado e proporciona aos estudantes uma aprendizagem aplicada e orientada para os desafios do setor.
HN – Que objetivos estratégicos estiveram na base desta parceria entre instituições académicas e o setor empresarial?
AB – Os objetivos estratégicos incluem criar uma formação superior adaptada às exigências atuais do mercado de trabalho, promover a inovação no ensino superior, integrar a experiência empresarial desde o início do desenvolvimento curricular e reforçar a ligação entre a academia e o setor da saúde. Pretende-se, com isto, aumentar a empregabilidade dos diplomados e fomentar uma cultura de colaboração e investigação aplicada.
HN – Como é que o plano de estudos foi desenhado para garantir uma ligação efetiva entre a academia e o mundo profissional, nomeadamente no contacto com empresas e instituições de saúde?
AB – O plano de estudos foi elaborado com a participação do setor empresarial e inclui estágios obrigatórios nos três anos do curso. Existem também bootcamps, workshops e projetos práticos desenvolvidos em parceria com empresas. Esta abordagem permite aos estudantes vivenciar contextos reais desde cedo, estabelecer contactos profissionais e aplicar os conhecimentos adquiridos em problemas concretos do setor da saúde.
HN – Que saídas profissionais estão previstas para os diplomados deste consórcio e quais são as competências mais valorizadas no mercado de trabalho atual?
AB – Os diplomados poderão trabalhar na administração de sistemas de informação em hospitais e clínicas, na gestão e análise de dados em entidades reguladoras e farmacêuticas, no desenvolvimento de software para a saúde e na investigação científica. As competências mais valorizadas incluem literacia digital, domínio de Business Intelligence, análise estatística, pensamento crítico, ética no uso de dados e conhecimento profundo das especificidades do setor da saúde.
HN – De que forma as ferramentas de inteligência empresarial e as mais recentes tecnologias de informação estão a transformar a tomada de decisão no setor da saúde e quais as tendências que antecipa para o futuro desta área?
AB – As ferramentas de inteligência empresarial estão a permitir decisões mais rápidas, baseadas em dados reais e com menor margem de erro. Tecnologias, como IA, Machine Learning, IoT e Blockchain, já estão a ser usadas para prever doenças, personalizar tratamentos e otimizar a gestão hospitalar. As tendências futuras apontam para a crescente interoperabilidade entre sistemas, uso de algoritmos preditivos e telemedicina avançada com suporte em 5G, além de uma maior ênfase na segurança e privacidade dos dados clínicos.
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