O Dia Mundial da Asma celebra-se anualmente na primeira terça-feira do mês de maio. É um evento organizado pelo “Global Initiative for Asthma” (GINA) com o objetivo de melhorar a prevenção da doença, diagnóstico, tratamento e nível de consciencialização da população.

Estima-se que cerca de um milhão de portugueses sofram de asma. A Organização Mundial de Saúde estima que, em todo o mundo, mais de 300 milhões de pessoas sofrem de asma e que esta é a doença crónica mais comum nas crianças.

Apesar da elevada prevalência, cerca de metade dos doentes não têm a sua Asma controlada. Este facto origina, frequentemente, idas às urgências e internamentos hospitalares e deterioração da função pulmonar.

Com este artigo pretende-se sensibilizar a população para a necessidade de conhecer a Asma e as suas complicações, desmistificar mitos sobre a doença e procurar melhorar a adesão ao tratamento.

A asma é uma doença respiratória crónica que se inicia habitualmente na infância, mas que pode surgir em qualquer idade. Caracteriza-se por uma inflamação crónica nas vias aéreas que as torna mais reativas, sendo que, perante certos estímulos, ocorre obstrução dos brônquios e surgem os sintomas típicos de tosse, falta de ar/dificuldade respiratória, pieira e aperto no peito. Os sintomas podem ocorrer várias vezes ao dia ou semana e podem agravar-se durante a prática de exercício físico ou durante a noite.

Há vários fatores que podem descontrolar a Asma:

  • Alergias – exemplo a pólenes, e ácaros (que existem no pó da casa), medicamentos (anti-inflamatórios são os mais comuns) ou alimentos (ex: marisco).
  • Fatores irritantes (fumos, poluição, odores).
  • Frio (pode isoladamente desencadear sintomas), Exercício físico
  • Doenças como Rinite, Refluxo gastroesofágico, ansiedade, stress, obesidade e infeções.
  • Não fazer a medicação adequada.

A identificação de fatores que desencadeiam as crises é de extrema importância, para que sejam tomadas medidas para evitar a exposição aos mesmos. Como exemplo temos a limpeza correta e frequente da casa no caso de alergia a ácaros; o conhecimento do boletim polínico de forma evitar saídas nos dias em que o risco seja mais elevado – nas alergias a pólenes; proteção das vias respiratórias na exposição ao frio, toma de medicação preventiva antes de exercício físico.
O tratamento e controlo de outras doenças como por exemplo o controle de sintomas de rinite e refluxo gastroesofágico, instituição de medidas dietéticas e incentivo à prática de exercício físico na obesidade; prevenção de infeções (uso de máscara, medidas de higiene e vacinação), são fatores fundamentais para que o controle seja conseguido.

A Asma não tem cura, mas pode ser controlada. O tratamento adequado é fundamental para uma melhoria da qualidade de vida. Tem como objetivo o controlo da inflamação que existe ao nível dos brônquios, permitindo que os doentes façam as suas atividades normais, quer profissionais quer desportivas, sem qualquer limitação. Os fármacos mais utilizados são os corticoides, que têm uma ação anti-inflamatória, e os broncodilatadores por via inalada.
O controlo da asma e tratamento é avaliado com questionários, mediante os sintomas que apresenta, sendo que o mais utilizado é o ACT (Teste de Controlo da Asma). Além dos questionários é importante o resultado do Estudo de Função Respiratória, através da Espirometria (método de diagnóstico da doença e de avaliação de resposta à terapêutica), que idealmente deverá estar normal. Uma das maiores dificuldades no tratamento consiste na utilização correta dos dispositivos inalatórios e na adesão diária e crónica a esta terapêutica, sendo essencial ensinar repetidamente a técnica inalatória e desmistificar conceções erradas que estão muitas vezes presentes e que impedem um bom controlo sintomático.

A educação do doente é um passo essencial, uma vez que conduz a melhor perceção da doença, dos sintomas, maior conhecimento da utilização dos fármacos e dos motivos de descontrolo da doença, permitindo uma melhor gestão da doença. Uma boa relação médico-doente, fundada num princípio de confiança e comunicação aberta e transparente, é um dos principais fatores de sucesso – o doente deve falar com o seu médico sobre as limitações que sente e as suas expectativas.

Após todos estes fatores otimizados e mantendo doença Não Controlada, há escalada terapêutica com aumento de dose da medicação em curso, associação de outra classe de medicação inalada ou mesmo início de medicação injetável hospitalar (atualmente estão disponíveis outras classes de medicamentos para tratamento de Asma Grave).
É possível viver com a ASMA, sem limitação de atividades, quando controlada.
Seja cumpridor, cuide de si, ajude o seu médico a controlar a sua ASMA.