“A questão era: Será que conseguimos tornar o processo de fabrico tão compacto que caiba num contentor”, explicou à agência France-Presse o presidente e cofundador da empresa alemã, Ugur Sahin.

O laboratório, pioneiro na tecnologia do RNA mensageiro, concebeu dois módulos de doze contentores no total, um para fabricar o mRNA e outro para finalizar o soro da vacina, que deve então ser colocado em frascos noutro lugar.

Esta fábrica móvel, batizada de “BioNTainer”, será enviada para o Ruanda ou o Senegal, ou talvez para os dois países, “no segundo trimestre” de 2022, devendo as primeiras doses estar disponíveis 12 meses depois.

Abrir uma fábrica convencional deste tipo demora atualmente três anos.

A África do Sul poderá “eventualmente” juntar-se mais tarde à rede de produção, admite a BioNTech.

Os módulos foram hoje apresentados no principal local de produção de mRNA da BioNTech, em Marburgo, no centro da Alemanha.

Com menos de 12% da população totalmente vacinada, África é o continente com menor cobertura vacinal contra a covid-19.

Segundo Sahin, cuja empresa vendeu milhares de milhões de doses da vacina que desenvolveu com a Pfizer, o projeto agora revelado insere-se num esforço da BioNTech de “colocar unidades de produção da tecnologia mRNA em todos os continentes”.

Uma vez que a produção da vacina requer cerca de 50.000 etapas, que devem ser respeitadas minuciosamente, “a ideia é padronizar o contentor, validar o processo antecipadamente”, antes de o instalar, explicou o responsável.

Inicialmente a fábrica será operada por funcionários da BioNTech, que deverão depois formar especialistas locais a fim de “transferir a fábrica a médio ou longo prazo”, segundo um comunicado da empresa, que se tornou em menos de dois anos um dos principais atores da indústria farmacêutica mundial.

Esta iniciativa constitui uma transferência de alguma tecnologia, mas não equivale ao levantamento de patentes exigido por alguns países em desenvolvimento e organizações não-governamentais.

A covid-19 provocou pelo menos 5.836.026 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.