Dominic Cummings, que foi o principal assessor de Boris Johnson, afirmou em comunicado, divulgado nesta quarta-feira, no contexto da investigação pública sobre a gestão da pandemia, que Johnson partilhou em março de 2020 "um vídeo de um homem a usar um secador especial para o pelo do nariz para 'matar o coronavírus' e perguntou ao conselheiro científico do governo, Patrick Vallance, e ao diretor médico, Chris Whitty, o que achavam".

Cummings acrescentou que o vídeo já não está disponível, porque foi removido da plataforma YouTube.

Além disso, Cummings descreveu Boris Johnson como alguém "extremamente distraído" e mencionou os seus problemas financeiros, causados pela finalização do seu divórcio.

"A parceira atual dele queria anunciar o noivado" e o ex-primeiro-ministro "dizia que queria trabalhar no seu livro sobre Shakespeare, que ainda não foi lançado".

A publicação deste depoimento ocorre um dia após uma jornada avassaladora para o ex-primeiro-ministro, durante a investigação pública sobre a sua gestão da pandemia.

Os antigos assessores de Boris Johnson disseram na terça-feira que, durante a pandemia, o viram sobrecarregado pelos acontecimentos e pouco preocupado com as vítimas, num país duramente castigado pelo vírus, com mais de 230.000 mortes.

Nesta quarta-feira, a funcionária do alto escalão Helen McNamara classificou como "violentas e misóginas" as mensagens que recebia do ex-primeiro-ministro, e Dominic Cummings denunciou a atmosfera "tóxica" que reinou durante o seu mandato.

O próprio Cummings foi envolvido numa tempestade mediática por ter viajado durante o confinamento, mas Boris Johnson apoiou-o e manteve-o no cargo.

Boris Johnson foi obrigado a renunciar em julho de 2022, devido a uma série de escândalos, principalmente pelas festas em Downing Street, que violaram as normas sanitárias de combate à pandemia.