O Mestrado em Epidemiologia, Bioestatística e Investigação em Saúde (EpiBIS) da NOVA Medical School, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública, forma profissionais capazes de desenvolver investigação clínica ou de saúde pública. Com foco nos métodos de investigação e análise de dados, o curso capacita alunos a formular perguntas, usar desenhos de estudo adequados, recolher e analisar dados, e disseminar resultados, contribuindo para melhorar a prestação de cuidados de saúde. Em entrevista exclusiva ao nosso jornal, Bruno Heleno, Professor da NOVA Medical School e coordenador do mestrado, revela os objetivos do EpiBIS e do que ele traz de novo comparativamente com outras formações já existentes
Healthnews (HN) – Qual é o principal objetivo do Mestrado em Epidemiologia, Bioestatística e Investigação em Saúde e como ele pode contribuir para a formação dos profissionais de saúde?
Bruno Heleno (BH) – O Mestrado EpiBIS pretende formar profissionais capazes de desenvolver investigação clínica ou de saúde pública. Todos os profissionais de saúde, no decurso da sua atividade clínica confrontam-se com lacunas na prestação de cuidados de saúde. Este Mestrado pretende dar-lhes os conhecimentos e competências necessários para avaliar potenciais soluções, de forma científica. Isto passa por saber formular corretamente uma pergunta de investigação, usar um desenho de estudo adequado para essa pergunta, recolher e analisar os dados e, por fim, disseminar os resultados.
HN – Quais são os diferenciais deste mestrado em relação a outros cursos similares e como a parceria entre a NOVA Medical School e a Escola Nacional de Saúde Pública agrega valor à formação?
BH – Este Mestrado está muito orientado para a investigação, quer clínica, quer de saúde pública. Quando comparado com Mestrados em Saúde Pública, tem uma abordagem muito maior nos métodos de investigação e na capacidade de analisar dados quantitativos e qualitativos de forma rigorosa. Não está tão concentrado nos aspetos de implementação de políticas de saúde e ou de intervenções comunitárias porque existe um foco muito explícito em competências transversais, cuja utilidade transcende a investigação em saúde.
Esta parceria entre a NOVA Medical School (NMS) e a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) permite combinar as forças das duas instituições. A NMS tem longa experiência na epidemiologia clínica, isto é, em estudos para avaliar a causa das doenças, a eficácia dos tratamentos ou a utilidade de novos testes diagnósticos. A ENSP tem muita experiência nos estudos de grandes populações, na avaliação de risco de doença na população em geral, no desenho e avaliação de políticas de saúde; bem como experiência na aplicação de ciências sociais e da economia em problemas de saúde.
HN – Quais são os pré-requisitos e o perfil desejado dos candidatos interessados em ingressar no mestrado?
BH – Estamos interessados em alunos que queiram fazer parte da próxima geração de investigadores clínicos ou investigadores de saúde pública. Procuramos pessoas curiosas e que entendem que a ciência e a investigação são a melhor abordagem para melhorar a saúde dos indivíduos e das populações.
Diríamos que existem dois públicos: por um lado profissionais de saúde que pretendam consolidar conhecimentos e competências de investigação (médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos, técnicos superiores de saúde, entre outros); por outro, pessoas de outras áreas do saber com formação ou interesse pelas áreas da saúde (biomédicos, matemáticos/estatísticos, gestores, entre outros).
HN – Como o mestrado está estruturado em termos de disciplinas, carga horária e duração? Quais são as principais áreas de conhecimento abordadas ao longo do curso?
BH – Atualmente, é um mestrado de dois anos. No primeiro ano, os alunos têm aulas e, no segundo ano, desenvolvem uma tese ou relatório de projeto.
As áreas de conhecimento incluem os principais métodos de investigação clínica e de saúde pública: epidemiologia, estatística e os métodos qualitativos. Existem ainda, disciplinas dedicadas às competências transversais: gestão de projeto e comunicação de ciência. Os alunos podem ainda escolher duas disciplinas opcionais, de acordo com os temas que melhor correspondem aos seus interesses.
HN – De que forma o mestrado capacita os alunos para desenvolverem projetos de investigação epidemiológica ou clínica de maneira autônoma e como isso pode impactar na melhoria da prestação de cuidados aos pacientes?
BH – Diria que há 3 abordagens principais. A mais tradicional é o curso de mestrado, onde os alunos aprendem as bases da investigação em saúde através das diferentes unidades curriculares. Talvez menos visível, mas igualmente importante, é o contato com investigadores experientes das duas escolas. Quando estamos a falar de educação de adultos, mas importante que as aulas é a possibilidade de ter feedback de profissionais com mais experiência na área. Por fim, neste mestrado foi implementada uma pedagogia de projeto. Isto é, os alunos vão ser convidados a desenvolver logo desde o primeiro dia um protocolo de investigação no qual aplicam os conhecimentos que adquirem nas várias Unidades Curriculares do Mestrado. Caso os alunos queiram, este protocolo pode servir de base para a tese que vão desenvolver no segundo ano. Defendemos que é este “pôr as mãos na massa”, com feedback regular, que mais ajuda os alunos a tornarem-se autónomos. Este tipo de trabalho, continua no segundo ano, com a orientação da tese ou do relatório de projeto.
HN – Quais são as perspetivas de carreira e as oportunidades profissionais para os egressos no Mestrado em Epidemiologia, Bioestatística e Investigação em Saúde?
BH – Este Mestrado tem atraído profissionais de saúde já com carreira profissional e que usam o Mestrado para progredir na mesma. Para além disso, os mestrandos podem desenvolver a sua carreira na indústria farmacêutica; serviços de saúde; ou na consultadoria e investigação em saúde.
Entrevista Miguel Mauritti
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