“O Ministério da Saúde decidiu introduzir a vacina contra o HPV, numa primeira fase, para as meninas adolescentes, de 10 anos de idade, ou seja, nascidas no ano de 2011, com abrangência nacional, tendo em conta o custo-efetividade e custo-benefício, embora os resultados possam ser visíveis a longo prazo após o início da vacinação”, explicou aquele ministério cabo-verdiano.

Nesta primeira fase, o país pretende vacinar cerca de 4.900 meninas, com 10 anos, sendo que mais tarde prevê alargar a faixa etária para abranger também as meninas até aos 13 anos.

“É uma vacina segura que já foi administrada em vários países do mundo e de acordo com estudos científicos, ainda não foram comprovados efeitos secundários graves relacionados. Mas sabe-se que pode causar manifestações leves como dor no local da injeção, ligeira inflamação e vermelhão”, alertou o diretor nacional da Saúde, Jorge Noel Barreto.

Com o objetivo de baixar a taxa de morbi-mortalidade por cancro do colo do útero no país, a vacina que vai ser administrada é a Cervarix Bivalente que protege contra os tipos 16 e 18 do HPV, responsável por mais de 70% dos cancros de colo de útero.

A vacina será administrada no braço esquerdo e deve ser em duas doses, com intervalo entre a primeira e a segunda dose de no mínimo 6 meses, ainda segundo o Ministério da Saúde.

Desde segunda-feira que os pais e encarregados de educação podem levar as meninas com 10 anos aos centros de saúde, para os serviços de vacinação de crianças, durante o horário normal de expedientes, para receber a vacina contra o HPV ou fazer o agendamento.

A introdução da vacina contra o HPV é financiada pelo Governo de Cabo Verde, contando ainda apoio de parceiros de internacionais, estando orçada em 130 mil dólares (108 mil euros).

Os Vírus do Papiloma Humano (HPV), transmitidos por contacto sexual, são responsáveis por 70% dos casos de cancro do colo do útero registados no mundo.

Para a sua prevenção, foram desenvolvidas e homologadas pela OMS três vacinas eficazes, que permitem a prevenção das lesões pré-cancerosas que, caso não forem tratadas, podem progredir para o cancro do colo do útero, vulvovaginal, bem como as verrugas anogenitais nas mulheres e homens.

Apesar de o cancro do colo do útero ser atualmente prevenível e tratável, cerca de 300.000 mulheres morrem por ano, e mais de 85% destas mortes ocorrem em países de renda média e baixa, fundamentalmente nas regiões menos desenvolvidas.

O programa em Cabo Verde foi lançado em fevereiro último e, na altura, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, disse que “é uma medida muito importante e terá impacto na saúde das mulheres, na redução da morbilidade e mortalidade”.