David Goodall não tem nenhuma doença grave, mas a infelicidade que o assola levou-o a tomar a decisão de pôr termo à vida.

Uma queda no apartamento no mês passado deixou-o dois dias imobilizado e diminuiu-lhe, em grande parte, a sua independência. Dessa forma, os médicos fizeram um ultimato: ou David contrata ajuda 24 horas por dia ou teria de ir para um lar. David recusou ambas as hipóteses.

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Com cada vez menos independente, o cientista não quer continuar a "viver com limitações". "Não estou feliz. Quero morrer e isso não é particularmente triste", disse em entrevista à cadeia de televisão australiana ABC no seu dia de anos, em abril. "O triste é que me impeçam de o fazer. O que eu penso é que uma pessoa da minha idade deve beneficiar em pleno dos seus direitos de cidadão, incvuíndo o direito ao suicídio assistido", acrescentou.

Na Austrália, a morte assistida foi legalizada no ano passado no estado de Victoria. No entanto, a legislação só entra em vigor a partir de 2019 e circunscreve-se aos casos dos doentes terminais que desejem pôr termo à vida.

Segundo a BBC, o cientista que nasceu em Londres, no Reino Unido, vivia num pequeno apartamento em Perth, depois de em 1979 ter deixado de trabalhar a tempo inteiro. Porém, nos últimos anos, publicou a série de livros "Ecossistemas do Mundo" com 30 volumes. Foi condecorado inúmeras vezes pelo seu trabalho.

A acompanhá-lo na viagem até à Suíça está Carol O'Neill, uma representante do grupo "Exit International", um organismo que advoga a morte assistida.

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Revolta começou em 2006

O início da insatisfação surgiu em 2016, quando a universidade onde o cientista trabalhava o obrigou a deixar de frequentar o campus, por estarem alegadamente preocupados com o seu estado de saúde. Na mesma altura, foi forçado a deixar de conduzir e de fazer teatro.

O'Neill revela que a disputa de Goodall para continuar a ter um trabalho o afetou drasticamente. "Esse foi o início do fim", disse à BBC, acrescentado que o cientista começou a sentir-se privado da socialização com amigos.

Uma petição lançada na Internet angariou cerca de 12 mil euros para levar o cientista em classe executiva para a Europa. David pretende visitar alguns familiares em França, antes de viajar pela última vez para a Suíça. "A minha família sabe o quão insatisfatória é a minha vida", garantiu o cientista à ABC. "Quanto mais rápido terminar, melhor", concluiu.