"Os cigarros eletrónicos, com ou sem nicotina, nunca devem ser usados, particularmente por jovens, jovens adultos ou mulheres grávidas", adverte a Direção-geral da Saúde (DGS) em comunicado divulgado esta quinta-feira.

A DGS e o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) desaconselham "o uso de cigarros eletrónicos, particularmente os que têm líquidos contendo canabidiol e outros derivados de canábis, acetato de vitamina E e diacetil".

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Ambas as entidades "alertam os consumidores de cigarros eletrónicos para que não modifiquem ou adicionem quaisquer substâncias aos líquidos para cigarro eletrónico legalmente comercializados e devidamente rotulados pelo fabricante, ou usem líquidos ou produtos comprados fora dos circuitos legais de comercialização, incluindo através da internet".

Segundo a DGS, os Estados Unidos estão a registar, desde agosto de 2019, "casos de doença pulmonar grave, incluindo mortes que, segundo os Centers for Disease Control and Prevention (CDC), estão associadas à utilização de cigarros eletrónicos. Foram já identificados 2290 casos de doença pulmonar grave, incluindo 47 óbitos, associados ao uso de cigarros eletrónicos ou vaping.

"Casos semelhantes estão atualmente em investigação no Canadá, nas Filipinas, na Bélgica e na Suécia. Esta situação tem vindo a ser discutida a nível da Comissão Europeia, em termos de avaliação e gestão de risco e eventuais medidas a adotar", acrescenta a nota.

"Sublinhe-se que existe uma grande diversidade de líquidos utilizados em cigarros eletrónicos, com e sem nicotina, e com diferentes tipos de aromas, no mercado. Embora a investigação destes casos não esteja ainda concluída, o acetato de vitamina E, o canabidiol e outros derivados de canábis e o diacetil parecem ser substâncias associadas a estas lesões pulmonares", alerta ainda a DGS.

"Os adultos que usam cigarros eletrónicos para deixar de fumar não devem voltar a fumar. Devem avaliar todos os riscos e benefícios e considerar a utilização de terapêuticas de substituição de nicotina aprovadas pelo Infarmed, ou procurar apoio junto do seu médico ou de uma consulta de apoio à cessação tabágica", conclui a nota.

Os casos norte-americanos motivaram um alerta em Portugal em setembro, feito pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia, que pediu cautela aos utilizadores portugueses, recordando que o melhor é "respirar ar limpo". Aquela organização solicitou ainda aos médicos portugueses que comuniquem eventuais casos de doença relacionados com os cigarros eletrónicos às autoridades competentes.

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O que é um cigarro eletrónico?

O cigarro eletrónico é um dispositivo operado por uma bateria que produz um aerossol (vapor), que normalmente contém nicotina, solventes, aromas e outros aditivos.  Os cigarros eletrónicos não contêm tabaco, facto que os distingue dos cigarros convencionais ou dos cigarros de tabaco aquecido.

Existem diferentes modelos no mercado: alguns visualmente muito semelhantes a um cigarro tradicional ou a um cachimbo; outros com um tipo de apresentação que os distingue claramente dos cigarros tradicionais, como por exemplo um formato semelhante a uma caneta USB.

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Foto de um juul, um tipo de cigarro eletrónico desaconselhado créditos: AFP

Embora exista uma grande diversidade de cigarros eletrónicos, o seu princípio de funcionamento é comum, assentando num sistema de aquecimento de um líquido por meio de uma bateria.

O aquecimento deste líquido provoca a emissão de um aerossol, geralmente branco acinzentado, que é inalado pelo consumidor através da boquilha do aparelho.

Os cigarros eletrónicos podem ser descartáveis ou recarregáveis através de uma recarga e de um reservatório ou de um cartucho não reutilizável. Alguns modelos permitem a sua modificação e adaptação por parte do consumidor.

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Que substâncias existem nos líquidos e no aerossol dos cigarros eletrónicos?

Os líquidos para cigarros eletrónicos contêm diversas substâncias, habitualmente propileno glicol, glicerina vegetal, aromatizantes e nicotina em diferentes concentrações. Alguns líquidos podem não conter nicotina.

O aquecimento deste líquido origina a produção de um aerossol, que é inalado e expirado pelos utilizadores. Este aerossol pode conter substâncias nocivas e potencialmente nocivas, incluindo:

  • Nicotina
  • Micropartículas que se podem depositar profundamente nos pulmões
  • Aromatizantes, alguns dos quais associados a lesões ou doenças pulmonares
  • Compostos orgânicos voláteis
  • Substâncias cancerígenas, como o acetaldeído ou o formaldeído
  • Metais pesados

A presença destas substâncias e a sua concentração no aerossol que é inalado depende da composição dos líquidos e das reações químicas produzidas pelo seu aquecimento.