Christian Eriksen permanece no hospital depois de ter sofrido uma paragem cardíaca durante o jogo da Dinamarca contra a Finlândia, no sábado, no estádio Parken, em Copenhaga, capital dinamarquesa. O jogador teve se ser reanimado em campo com desfibrilador, sendo depois reencaminhado para um hospital.

"Muito obrigado pelos doces e incríveis cumprimentos e mensagens de todo o mundo. Significam muito para mim e para a minha família", escreveu Eriksen, numa mensagem escrita no hospital e partilhada ontem pela associação de futebol dinamarquesa no Twitter.

"Estou bem - dadas as circunstâncias", escreveu, acrescentando: "Ainda tenho que fazer alguns exames no hospital, mas sinto-me bem. Agora, vou torcer pelos rapazes da seleção da Dinamarca nas próximas partidas. Joguem por toda a Dinamarca".

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Imagem da publicação partilhada pela associação de futebol dinamarquesa

A mensagem vinha acompanhada de uma foto de Eriksen, de 29 anos, levantando o polegar na cama de hospital.

Numa altura em que ainda se desconhece publicamente as causas para o colapso do jogador, falámos com o médico e professor Hélder Dores, especialista em Cardiologia e secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

Quais são as possíveis causas para o colapso do jogador dinamarquês Christian Eriksen?

Neste contexto, as causas mais prováveis da paragem cardiorrespiratória são doenças cardiovasculares, nomeadamente doenças cardíacas hereditárias. Entre estas destacam-se as miocardiopatias, doenças que afetam o miocárdio alterando a estrutura e função cardíaca, e as doenças arrítmicas primárias que afetam o ritmo cardíaco.

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O que é a morte súbita?

Apesar de não ser consensual, a morte súbita define-se habitualmente como um evento fatal, inesperado e não-traumático, que ocorre no período de uma hora após o início dos sintomas num indivíduo aparentemente saudável. Se a morte não for presenciada esta definição aplica-se quando a vítima estava em boas condições de saúde 24 horas antes do evento.

Existe morte súbita revertida?

Sim, existem casos de morte súbita revertida ou abortada e é isso que na prática se pretende quando ocorre uma paragem cardiorrespiratória – recuperar e salvar uma vida.

Dinamarca
Manifestações de apoio a Christian Eriksen na Dinamarca créditos: AFP

É possível prevenir a morte súbita? Como?

Sim, é possível prevenir casos de paragem cardiorrespiratória e de morte súbita em atletas. A primeira medida é a realização de uma avaliação pré-competitiva adequada, que visa a deteção precoce das principais doenças associadas a um risco acrescido destes eventos. Nesta avaliação, além de uma história clínica pessoal e familiar exaustiva e de um exame objetivo detalhado, é essencial a realização de alguns exames complementares de diagnóstico, começando pelo eletrocardiograma.

Esses exames são totalmente infalíveis do ponto de vista das informações clínicas necessárias para um diagnóstico ou prevenção?

Como há doenças que não são fáceis de detetar ou são mesmo indetetáveis nesta avaliação, uma segunda medida essencial é o estabelecimento de planos de emergência nos recintos desportivos. O foco destes planos deverá ser a formação e a certificação em emergência/reanimação dos profissionais de saúde e de outras áreas, com a capacidade de desfibrilhação nos recintos desportivos. Desta forma será possível praticar exercício físico em maior segurança.

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