Os investigadores criaram mapas de temperaturas globais, com intervalos de 200 anos, desde a última era glaciar, há cerca de 24.000 anos, e os resultados são publicados esta semana na revista científica Nature, quando decorre em Glasgow, Reino Unido, uma conferência mundial sobre o clima, a COP26.

Através da análise, os investigadores verificaram que os principais impulsionadores das alterações climáticas, desde a última era glaciar, são as concentrações de gases com efeito de estufa e o recuo das camadas de gelo.

O estudo indica uma tendência geral de aquecimento ao longo dos últimos 10.000 anos e indica também que a magnitude e a taxa de aquecimento nos últimos 150 anos ultrapassam de longe a magnitude e taxa das mudanças ao longo dos últimos 24.000 anos.

"Esta reconstrução sugere que as temperaturas atuais são sem precedentes em 24.000 anos, e também sugere que a velocidade do aquecimento global causado pelo homem é mais rápida do que qualquer coisa que tenhamos visto nesse mesmo tempo", disse Jessica Tierney, professora associada da Universidade e coatora do estudo.

A responsável tem contribuído para os relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), publicados sob a égide da ONU e que alertam para os perigos do aquecimento global.

Matthew Osman, outro dos autores do trabalho, também da mesma instituição, salientou que o planeta estar “tão fora dos limites” do que poderia ser considerado normal “é motivo de alarme”. E os mapas, acrescentou, dão uma noção do “quão grave são hoje as alterações climáticas”.

A equipa de investigadores, para chegar aos resultados, combinou dados da temperatura obtidos através de sedimentos marinhos com simulações computadorizadas do clima.

Até sexta-feira, em Glasgow, mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos debatem precisamente (na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas – COP26) a forma de evitar o aumento das temperaturas globais.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.