Agostinho Gomes disse aos jornalistas que foi “um erro” o despacho assinado por um responsável policial no aeroporto de Díli que dava conta da interdição à entrada de chineses a partir de segunda-feira.

Pedindo desculpa ao público pelo despacho, Agostinho Gomes disse que o agente responsável seria alvo de um processo disciplinar.

“Primeiro peço desculpa ao público relativamente ao aviso feito pelo chefe do posto do aeroporto. Não está correto”, afirmou Agostinho Gomes.

Gomes explicou que a instrução verbal que foi mal interpretada pelo agente pretendia garantir a coordenação com as companhias aéreas que voam da Austrália e da Indonésia para Timor-Leste para analisar casos de cidadãos com passaporte chinês que tenham entrado no país.

O despacho, a que a Lusa teve acesso, em papel timbrado da Direção-Geral do Serviço de Migração do Ministério do Interior e datado de segunda-feira está assinado pelo “chefe do posto do aeroporto”, inspetor Ernesto Maia.

“Relativamente ao vírus que ocorre na província chinesa de Wuhan, e com base na orientação do ministro ao diretor-geral do Serviço de Migração e da orientação verbal ao chefe do posto do Aeroporto de Díli, a partir de agora não está autorizada a entrada de cidadãos com passaporte da China em Timor-Leste”, refere o texto.

O despacho pede que a informação seja partilhada com todas as agências no aeroporto, pedindo a sua colaboração para a aplicação das diretrizes.

Apesar das declarações de Agostinho Gomes, o Governo timorense referiu-se ao assunto num comunicado divulgado hoje na sua página oficial, confirmando que “o Ministério do Interior de Timor-Leste anunciou que está de momento vetada a entrada no país a cidadãos com passaporte chinês”.

O assunto deverá ser debatido na reunião do Conselho de Ministros marcada para quarta-feira, segundo fontes do executivo, tendo sido discutido esta semana no Parlamento Nacional.

Nos últimos dias, os países com ligações aéreas regulares para Timor-Leste, a Austrália, a Indonésia e Singapura restringiram a entrada de passageiros com histórico de viagens recentes à China.

O Governo está em “permanente contacto com as autoridades chinesas e com a Embaixada de Timor-Leste na China, no sentido de acompanhar a situação e garantir a segurança dos cidadãos timorenses que se encontram atualmente no país, principalmente os estudantes que se encontram na cidade de Wuhan, enquanto não for possível a sua deslocação para outras cidades ou retirada do país”, refere o executivo.

Entre outras medidas já aprovadas, o Governo timorense implementou triagem nos pontos de entrada no país, que incluem a medição de temperatura e o preenchimento de uma Declaração de Saúde.

Foram criadas áreas para quarentena e isolamento de casos suspeitos, nos pontos de entrada do país e no Hospital Nacional Guido Valadares, com um “reforço de equipamentos de proteção e suprimentos médicos e estão a ser fornecidas ações de formação a toda as equipas de saúde e de emergência”.

“Foram realizados acordos com laboratórios especializados de excelência em Timor-Leste e no estrangeiro, para testar amostras de pacientes com suspeita da doença”, refere o executivo.